Em 23 de junho de 2025, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou em sua rede social Truth Social um “cessar‑fogo completo e total” entre Israel e Irã, após quase duas semanas de confrontos intensos que envolveram bombardeios a instalações nucleares iranianas e lançamentos de mísseis por Teerã. A trégua, segundo o mandatário, entrou em vigor horas depois de sua declaração, com o Irã interrompendo os ataques imediatamente e Israel se comprometendo a iniciar a suspensão das operações 12 horas depois.
O entendimento foi selado graças a uma articulação diplomática conduzida por Trump diretamente com o primeiro‑ministro israelense, Benjamin Netanyahu, enquanto sua equipe — incluindo o vice‑presidente JD Vance, o secretário de Estado Marco Rubio e o enviado especial Steve Witkoff — manteve conversas com autoridades iranianas. Com a soberania dos EUA em foco, Trump afirmou ter dado ordens já no sábado à noite: “Vamos ligar… ao Irã. Traga o Bibi. Vamos fazer a paz.“
Ainda que o cessar‑fogo tenha sido saudado por centenas de civis que choraram alívio nas ruas do Irã e de Israel, o acordo é frágil, carecendo de confirmações formais de ambas as partes. Israel confirmou a trégua, enquanto o Irã condicionou a suspensão das hostilidades à interrupção dos ataques israelenses até 4h da manhã, horário de Teerã.
Violação e fragilidade do acordo
Logo após o anúncio, surgiram sinalizações de rompimento unilateral. Israel acusou o Irã de lançar mísseis e prometeu “resposta com força” caso o acordo fosse violado, com o ministro da Defesa Israel Katz declarando novas ações militares contra Teerã. Por sua vez, o governo iraniano negou qualquer lançamento de mísseis após o anúncio, e sua agência ISNA classificou as acusações como falsas.
O conflito, iniciado em 13 de junho, foi marcado por ataques israelenses a centros nucleares no Irã, seguido por bombardeios norte‑americanos contra instalações profundas como Fordow e Natanz. Os iranianos retaliaram com mísseis contra bases dos EUA no Golfo, incluindo uma em Qatar, provocando sirenes mesmo sem vítimas.
Leia mais: Irã ataca bases dos EUA no Oriente Médio em retaliação a bombardeios nucleares – Danuzio
Conheça a diferença entre um programa nuclear pacífico no Oriente Médio e o do Irã – Danuzio
O saldo, segundo fontes iranianas, foi de pelo menos 974 mortos no Irã e 24 em Israel, com disparos continuados mesmo após o início do cessar‑fogo. O uso da bomba anti-bunker GBU‑57 pelos EUA reforça a escala da operação americana, que alguns analistas classificam como a intervenção externa mais significativa desde a Revolução Iraniana de 1979.
Apesar do cessar‑fogo, o futuro permanece incerto. Autoridades no Oriente Médio, incluindo EUA, Irã, Israel e Qatar, monitoram relatórios de violações, novas ameaças e respostas militares em caso de retrocesso. O texto do GPI recomenda agora foco em negociações mais amplas, abordando o arsenal de urânio iraniano — cerca de 400 kg acumulados — e definindo marcos concretos que evitem retóricas dominadas por retaliação e mudança de regime.
Para muitos analistas, a trégua representou uma pausa tensa, mas sem garantias. Trump se apresenta como pacificador, mas as bases da negociação permanecem frágeis: a manutenção da trégua dependerá de reciprocidade, vigilância diplomática e intervenção de terceiros, como Qatar, Reino Unido e membros da União Europeia.