No último domingo (29), o The Wall Street Journal publicou um artigo revelando que o Irã possui uma rede de espiões e intermediários em toda a América Latina. Capazes de realizar espionagem, atividades cibernéticas e até mesmo atentados diretos, tanto nos EUA quanto em países latino-americanos.
O artigo de Mary Anastasia O’Grady, colunista especialista em relações internacionais, começa informando que, nos dias sequentes à operação “Midnight Hammer“, o bombardeio americano em instalações nucleares iranianas, o ICE (Agência Federal de Imigração e Alfândega dos EUA) deteve 11 iranianos ligados ao Irã ou ao Hezbollah, incluindo ex-militares da Guarda Revolucionária Iraniana. Esse fato corrobora com o alerta do FBI sobre a necessidade de vigilância redobrada sobre redes iranianas, que podem se intensificar após a operação americana.
Cita que o Irã pode escalar sua resposta para ameaças cibernéticas, espionagem e atentados, utilizando-se para tal de redes globais de proxies (intermediários). A colunista afirma que o Irã está expandindo sua influência na América Latina por meio de alianças com regimes autoritários de esquerda.
Aliança com a Venezuela
O artigo cita que o Irã possui estreita colaboração militar com a Venezuela, fornecendo drones e embarcações armadas. Aponta que o país, governado por Maduro, é um apoio estratégico para o Irã no ocidente, fornecendo proteção e estrutura para operações clandestinas iranianas.
A autora do artigo menciona que o Irã envia agentes secretos para a região, via Caracas, com ajuda do regime venezuelano. Há relatos de emissão de passaportes venezuelanos a milhares de iranianos e oriundos do Oriente Médio. Somente sob Hugo Chávez teriam sido emitidos cerca de 10 mil passaportes falsificados.
Alianças com outros países latino-americanos, incluindo o Brasil
O texto ainda interliga essa rede iraniana à esquerda latino-americana, incluindo o Brasil, sob o governo Lula, Cuba, Nicarágua e Bolívia. Citando que os mesmos colaboram ou se alinham, ideologicamente, com o Irã, que estaria se aproveitando da retórica anti-EUA e de fragilidades institucionais, para se infiltrar. Por meio de grupos como o Hezbollah, o Irã pode criar bases logísticas, espionar e lavar dinheiro, no hemisfério sul das Américas, representando uma ameaça significativa aos EUA e à América Latina.
O’Grady exemplifica lembrando que ações terroristas do Irã estão documentadas e que o principal caso é o atentado em um centro comunitário judaico em Buenos Aires pelo Hezbollah em 1994, resultando na morte de 85 pessoas. Assim como um atentado suicida em 1992, que vitimou 29 pessoas, também na cidade argentina. O promotor que investigava os atentados foi misteriosamente assassinado em 2015, um dia antes de seu depoimento no Congresso argentino, onde apontaria sobre um eventual “acobertamento do papel do Irã pelo governo da então presidente na época, Cristina Kirchner.“
Sobre o Brasil, a autora lembra da atuação do governo Lula: “Em 2023, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva permitiu que 2 navios de guerra iranianos atracassem no Rio de Janeiro” e sobre as notas emitidas pelo Itamaraty condenando os bombardeios dos EUA e citando violação à soberania iraniana.
Já sobre a Bolívia, comenta sobre ligações e afinidade ideológica antiocidental sob a influência do ex-presidente Evo Morales e que Cuba e Nicarágua também são aliadas do Irã.
O’Grady alerta ser provável que o Irã utilize agentes clandestinos para atacar os EUA e aliados, em vingança pelos ataques sofridos. E finaliza tecendo elogios à decisão de Donald Trump, descrevendo-a como uma “brilhante e heroica missão, um presente para a humanidade“.