Uma operação chamada “Diameter”, conduzida por um comando secreto ucraniano para sabotagem dos gasodutos Nord Stream 1 e Nord Stream 26 em setembro de 2022, poucos meses após o início da invasão russa ao território ucraniano, foi divulgada pela revista Der Spiegel, no dia 20 de novembro de 2024. A reportagem traz muitos detalhes da operação, inclusive revela que os serviços de inteligência ocidentais souberam dos planos de ataque em junho de 2022, três meses antes das explosões.
O artigo deixa claro que, tanto para a Ucrânia quanto para o comando secreto ucraniano que fez a sabotagem, os gasodutos eram um alvo militar legítimo em um conflito armado – em águas internacionais. Eles usaram um iate chamado “Andrômeda” para a execução da sabotagem.

Nós trouxemos para nossos leitores os detalhes da operação e as intenções de sabotar outro gasoduto, o Turkish Stream, que conecta a Rússia com a Turquia. Segundo a reportagem, relatos indicavam que o ex-comandante-em-chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Valeri Zaluzhny, havia sugerido explodir a ligação de gás natural através do Mar Negro também.
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Serviços de inteligência ocidentais souberam
Ao que tudo indica, foi um agente sueco que soube dos preparativos realizados pelos sabotadores, de acordo com os círculos de segurança com quem os investigadores conversaram. A informação explosiva posteriormente chegou em outros serviços de inteligência.
Um representante da CIA, em Kiev, visitou o palácio presidencial com uma mensagem clara: os planos de ataque deveriam ser interrompidos. Apesar de negar que soubesse de qualquer operação, neste momento fica claro que Volodymyr Zelensky foi informado da operação pela CIA.
Os agentes dos EUA também entram em contato diretamente com o comando secreto – conforme mencionamos no primeiro texto que trata dessa investigação, alguns membros do comando foram treinados pela CIA. Os ucranianos deveriam deixar para lá os planos.
O chefe do Exército ucraninao, General Valerii Zaluzhny, supostamente descobre que os serviços de inteligência souberam do plano. Se eles não parassem os preparativos, provavelmente todos iriam para a prisão, dizem os militares que transmitiram a informação ao comando secreto.
Os homens que estavam executando a missão não entenderam isso como uma ordem de cancelamento. Em geral, não era possível esperar que o clima em Kiev se tornasse mais favorável.
Os planos precisariam ser executados antes de outubro, devido às condições do tempo em outubro, pois o Mar Báltico estaria muito agitado para permitir que os mergulhadores entrassem na água apartir de um veleiro com tanques pesados de ar comprimido e bombas a partir daquela data.
A Chancelaria alemã subestimou o perigo
Em junho de 2022, o Serviço Federal de Inteligência alemão também recebeu um relatório criptografado e ultrassecreta com um aviso claro. Ele vem do serviço de inteligência militar da Holanda. A CIA também foi colocada em cena pelos holandeses, os americanos lideram as informações posteriores sobre segurança para os alemães.
Os relatórios secretos descrevem um ataque aos gasodutos Nord Stream: seis comandos ucranianos, disfarçados com identidades falsas, planejavam alugar um barco, usar equipamento especial para mergulhar até os dutos no fundo do Mar Báltico e explodi-los. Os homens estariam sob o comando do comandante-em-chefe ucraniano Valery Salushny, mas o presidente Volodymyr Zelensky não havia sido informado. O ato de sabotagem foi planejado em torno da manobra “Baltops” da OTAN, no Mar Báltico.
O Serviço Federal de Inteligência repassou as informações à Chancelaria, mas na sede do governo os relatórios não foram considerados relevantes. Eles ficaram disponíveis apenas na chancelaria depois que terminou a manobra da OTAN e nenhuma providência foi tomada. E foi por isso que os alarmes não foram disparado.
Algumas pessoas em Berlim disseram que souberam do aviso, mas a visão predominante foi a de que a burocracia de segurança atrapalhou, classificando o relatório como falso. E devido a essa classificação, nem a Polícia Federal, a Marinha e os centros de combate ao terrorismo do governo federal e estadual da Alemanha foram alertados e nem orientados para os riscos do ataque aos gasodutos.