Nesta segunda-feira (21), autoridades ucranianas anunciaram que frustraram um plano da FSB — serviço de inteligência russo — para assassinar o presidente Volodymyr Zelensky no Aeroporto de Rzeszów-Jasionka, no sudeste da Polônia. O líder ucraniano costuma transitar em trajetos entre a capital e rotas de apoio militar da OTAN.
O plano russo envolveria um agente adormecido, ex-oficial militar polonês recrutado décadas atrás por Moscou. Segundo o diretor da SBU (Serviço de Segurança da Ucrânia), general Vasyl Maliuk, o ataque poderia ser com um franco-atirador ou um drone com câmera FPV. O agente foi detido em operação conjunta entre SBU e autoridades polonesas, que confirmaram que havia várias opções para matar Zelensky durante sua passagem pelo aeroporto.
Maliuk destacou que o agente tinha nostalgia pela União Soviética e que foi ativado pela FSB há anos. A prisão do cidadão polonês ocorreu em abril de 2024.
Zelensky não comentou diretamente sobre o plano frustrado, mas mencionou ter perdido a conta do número de vezes em que sua vida esteve em risco desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022. “O primeiro ataque é assustador, depois se torna algo rotineiro“, confessou em conversa com o jornal The Sun, comparando a ameaça a um vírus que se torna familiar.
O presidente relatou que até tiros foram disparados durante uma tentativa em seu escritório, sugerindo que “pessoas morreram ali dentro a serviço de Putin“. Ele ainda condenou os ataques iniciais, dizendo ter recusado pedidos de evacuação feitos por países parceiros, declarando que “precisava de munição, não de uma carona”.
Esta não é a primeira tentativa de assassinato conhecida contra Zelensky desde o início da Guerra da Ucrânia. Em maio de 2024, dois coronéis ucranianos foram presos por planejar matá-lo, uma conspiração supostamente encomendada pela FSB. E em 2022, mercenários chechenos e soldados da Wagner foram enviados para a Ucrânia com ordens de eliminar sua liderança.
O uso de drones por parte dos russos evidencia uma evolução tática mais sofisticada, com tentativas simultâneas de infiltração por via aérea e terrestre. Especialistas em inteligência observam que tais ações refletem uma intensificação da estratégia russa, que alterna operações convencionais, cibernéticas e de contraespionagem para atingir o topo da liderança militar e política ucraniana.
A nova tentativa ocorre em meio a outras investidas russas nos céus ucranianos: um ataque recente com 360 mísseis e drones devastou áreas residenciais e um hospital em Kiev, deixando várias vítimas e acendendo alertas sobre uma escalada repentina.
Para Kiev, manter Zelensky vivo é fundamental não apenas militarmente, mas para a imagem global da resistência ucraniana. O presidente é o rosto emblemático do conflito e seu assassinato poderia ter repercussões devastadoras no moral nacional e no apoio ocidental.