A ofensiva russa avança mais profundamente na região de Sumy, no nordeste da Ucrânia, transformando o que antes era uma zona tampão em uma linha de frente ativa, segundo análises da mídia e do monitoramento militar.
Desde janeiro de 2025, tropas russas cruzaram a fronteira em pequenos grupos móveis — muitas vezes em ATVs ou motocicletas — rumo às vilas de Basivka, Novenke, Zhuravka e outras comunidades fronteiriças. O controle russo agora abrange cerca de 100 km² na região, enquanto as forças ucranianas mantêm resistência firme, especialmente em setores estratégicos como Loknyá, Kindrativka e Yunakivka.
O presidente Vladimir Putin sinalizou que esse avanço visa criar uma “zona de buffer” a leste de Kursk, protegendo território russo e minando a capacidade ofensiva ucraniana a partir da linha de frente de Sumy. No Fórum Econômico de São Petersburgo, Putin declarou que “toda a Ucrânia é nossa” e indicou a possibilidade de avançar até a cidade de Sumy, embora a captura direta ainda não tenha sido confirmada.
As ações russas têm sido metódicas e cumulativas. Em fevereiro, a vila de Basivka foi tomada, seguida por Novenke em março e Kindrativka em junho — todas confirmadas por imagens geolocalizadas e confirmação das autoridades locais. O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW) relata que cerca de 62 000 a 65 000 soldados russos, incluindo a 76ª Divisão de Paraquedistas e unidades de Spetsnaz, estão posicionados ao longo da fronteira de Sumy.
A resposta ucraniana tem sido combativa. O presidente Volodymyr Zelensky alertou que “mais de 50 000 tropas russas estão mobilizadas” e destacou ações ativas de defesa e contra-ataque, como a captura de prisioneiros perto de Tyotkino, na fronteira com Kursk. Tropas ucranianas utilizam drones, fortificações e artilharia para conter avanços e proteger áreas urbanas, incluindo a cidade de Sumy, onde abrigos antiaéreos foram instalados e parte da população considerou evacuar após ataques de foguetes que deixaram mortos e feridos.
Enquanto os combates prosseguem, Moscou intensifica o uso de drones conectados por fibra óptica, capazes de operar nas proximidades de Sumy e Donetsk — um avanço tecnológico destacado como crucial para a ofensiva de maio, a maior desde novembro de 2024.
Autoridades locais confirmaram que as forças russas agora controlam um grupo de quatro vilas — Novenke, Basivka, Veselivka e Zhuravka — com combates ainda no entorno de Kindrativka, Vodolaha e Volodymyrivka. A região está sob intensas operações combinadas: artilharia, ataques aéreos, drones e operações terrestres, causando deslocamentos de civis e destruição de infraestrutura.
Analistas da OTAN, no entanto, avaliam que, apesar do avanço, não há evidências de preparação para uma ofensiva em larga escala contra a cidade de Sumy, simulando que o objetivo principal continua sendo a consolidação de uma zona tampão. O monitoramento aliado também aponta que a destruição de pontes russas dificultou a capacidade logística de Moscou, retardando possíveis avanços maiores.
O comandante local da 117ª Brigada ucraniana, identificado pelo apelido “Beaver“, relata que, apesar dos ataques constantes, as defesas resistem e alertou para a necessidade de preparação permanente contra novas incursões, sobretudo com o uso de drones e guerra eletrônica.
No plano humanitário, milhares de civis foram deslocados, especialmente após o bombardeio em abril no centro da cidade, que matou quatro pessoas e feriu outras trinta. As autoridades ucranianas reforçam a urgência de apoio internacional para socorro e resiliência local.
Em suma, o que começou como uma zona neutra ao longo da fronteira evoluiu rapidamente para a abertura de um novo front prioritário para Moscou. A pesquisa sugere que o intuito estratégico de Putin é fragilizar as defesas ucranianas e forçar Kiev a redistribuir tropas para o norte, impactando seu esforço de recuperação territorial, especialmente após as ofensivas no sul e leste da Ucrânia.
As próximas semanas serão decisivas para saber até onde os russos conseguirão avançar sem deflagrar uma ofensiva em larga escala. No entanto, a criação dessa zona tampão já redefine a geografia militar do conflito, trazendo implicações diretas para a segurança regional e os esforços diplomáticos em curso.
Fontes: Kyiv Independent, Reuters, The New Voice of Ukraine