Cúpula dos BRICS esvaziada: Putin e Xi decidem não vir ao Brasil de Lula

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Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, não estarão presentes pessoalmente na 17ª cúpula do BRICS, agendada para os dias 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro, segundo comunicados oficiais e fontes internacionais.

Um assessor do Kremlin, Yuri Ushakov, confirmou que Putin permanecerá na Rússia devido a uma ordem de prisão expedida pela Corte Penal Internacional (CPI) em 2023, por supostos crimes de guerra envolvendo deportação de crianças ucranianas. Como o Brasil é signatário do Estatuto de Roma, que rege a CPI, não poderia garantir imunidade ao presidente russo. Assim, Putin participará remotamente por videoconferência, enquanto o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, representará a Rússia presencialmente.

Essa não é a primeira vez que Putin evita uma cúpula do BRICS em países signatários da CPI. Em 2023, ele também não compareceu ao encontro em Joanesburgo, travado por questões similares.

Do lado chinês, a ausência de Xi Jinping pode marcar sua primeira ausência em uma cúpula do BRICS em mais de doze anos. Fontes indicam que Xi não participará por motivos de agenda interna, sendo substituído pelo Premier Li Qiang. Essa decisão pode refletir também tensões diplomáticas entre Pequim e Brasília, sobretudo após o Brasil recusar participar da Iniciativa do Cinturão e Rota da China, proposta considerada central por Xi .

A ausência dos dois líderes, pilares do grupo ao lado da Índia, Brasil e África do Sul, representa um importante desgaste para o evento. A participação virtual de Putin destaca o peso da ordem judicial internacional sobre o cenário político global, enquanto a ausência de Xi pode prejudicar a coesão diplomática do bloco .

Mesmo assim, o encontro em Brasília deverá reunir líderes da Argélia, Egito, Etiópia, Irã, Indonésia e Emirados Árabes como novos membros do grupo, além de observadores como Colômbia, México e Uruguai.

A diplomacia brasileira, representada pelo presidente Lula, enfrenta o desafio de garantir a legitimidade e relevância da cúpula sem os principais chefes de Estado. Segundo um conselheiro do Itamaraty, o governo apostará em agenda econômica com foco em infraestrutura, cooperação Sul-Sul e fortalecimento de um sistema financeiro alternativo ao ocidental, conforme discurso recente de Celso Amorim.

Analistas destacam que as ausências podem enfraquecer as iniciativas multilaterais do bloco, como o recém-lançado “sistema de pagamentos BRICS Bridge” liderado pela Rússia, que enfrenta resistência diplomática e técnica. Além disso, a falta de Xi pode prejudicar acordos bilaterais, como investimentos em infraestrutura e alinhamento estratégico entre China e Brasil.

Por outro lado, a Índia confirmou a presença de Narendra Modi, o que deve manter a relevância do fórum. Modificações na diplomacia do BRICS também refletem as rixas entre os membros: o Brasil, por exemplo, vetou a entrada da Venezuela em 2024 e, por ora, busca manter o grupo enxuto e pragmático.

O fato marca um ponto de reflexão para o futuro dos BRICS: enquanto cresce o desafio de consolidar a expansão com novos membros, os protagonistas históricos adotam posturas mais cautelosas. Com a China e a Rússia ausentes, o compromisso real do bloco será testado: será a cúpula no Rio apenas protocolar ou resultará em avanços concretos?

Fontes: India Today, The New Voice of Ukraine, India Today

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