Uma testemunha-chave no caso de corrupção envolvendo uma ex-prefeita de Lima, capital do Peru, foi encontrada morta em sua residência a menos de três meses do início do julgamento. Trata-se de José Miguel Castro, ex-funcionário municipal durante a gestão da socialista Susana Villarán, entre 2011 e 2014, que cumpria prisão domiciliar.
Castro foi réu no julgamento de Villlarán, acusada de receber propinas que chegam a cifras de 10 milhões de dólares das construtoras brasileiras Odebrecht e OAS, em 2019. Castro seria o 2º no comando do esquema de propinas e principal colaborador das investigações.
“Ele era a segunda pessoa mais importante atrás de Villarán (…) Esperávamos sua valiosa contribuição“, disse o promotor José Domingo Pérez ao canal de notícias peruano Canal N.
O corpo de Castro foi encontrado por volta das dez e meia da manhã do último domingo (29): “com um corte no pescoço“, segundo o relatório da polícia. As mídias locais noticiaram que ele foi degolado.
Susana María del Carmen Villarán de la Puente, 75 anos, ex-candidata presidencial e primeira mulher eleita prefeita de Lima, é acusada de conluio, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa por ter recebido milhões de dólares de duas construtoras brasileiras.
Ela admitiu ter recebido recursos tanto da Odebrecht quanto da OAS para financiar sua campanha de reeleição em 2013, mas negou que se tratasse de suborno. O julgamento está previsto para começar em 23 de setembro.
Em 2016, a Odebrecht admitiu ter subornado autoridades na América Latina e na África para obter contratos de construção. Vários ex-presidentes peruanos foram investigados, dentre eles:
- Ollanta Humala, condenado a 15 anos de prisão.
- Alejandro Toledo, que foi sentenciado a mais de 20 anos.
- Alan García, que suicidou no momento de receber ordem judicial, em sua moradia.
O caso Odebrecht no Peru teve início a partir do escândalo de corrupção dos desdobramentos das investigações da Operação Lava Jato no Brasil. Calcula-se que a Odebrecht teria pago em torno de US$ 29 milhões em subornos a servidores públicos, no período entre 2005 e 2014, no Peru.
Fontes: BBC, Gazeta do Povo, Expreso