Parlamento iraniano aprova fechamento do Estreito de Ormuz

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O parlamento do Irã aprovou, neste domingo (22), uma proposta que faculta o fechamento do Estreito de Ormuz. Esta é uma passagem estratégica por onde circula cerca de 20% do comércio mundial de petróleo.

Isso ocorre em retaliação aos ataques a instalações nucleares iranianas conduzidos pelos EUA e Israel na última semana. A execução da decisão, entretanto, está condicionada à aprovação final do Conselho Supremo de Segurança Nacional do país, conforme adiantado pela agência estatal Press TV.

A medida ocorreu horas depois que bombardeiros americanos B‑2 lançaram bombas antimísseis nas instalações em Fordow, Natanz e Esfahan, descritas pelo Pentágono como “obliteradas” pelo poder dos artefatos usados. O ataque foi a maior ação militar direta dos EUA contra o Irã desde 1979.

Em discurso, o comandante da Guarda Revolucionária e deputado Esmail Kosari afirmou que “o fechamento do Estreito está na ordem do dia e será realizado quando necessário“, embora a decisão final dependa do conselho de segurança. Fontes parlamentares confirmam que a votação foi unânime.

O Estreito de Ormuz conecta o Golfo Pérsico ao Oceano Índico e é responsável por cerca de 17 a 18 milhões de barris de petróleo por dia, representando cerca de um quinto do consumo global. Sua interrupção imediata provocaria disparada nos preços do petróleo. Já há indícios disso: o barril de Brent subiu mais de 10% nas últimas sessões, alcançando valores acima de US$ 77.

A decisão iraniana acendeu o alerta em mercados globais. Analistas da Eurasia Group e Bloomberg estimam que, se fechada, a passagem pode elevar o preço do petróleo para US$ 100 o barril — cenário confirmado por movimentos de testes de traders e subscrições em contratos futuros.

A resposta americana não tardou: o vice-presidente JD Vance classificou qualquer interrupção na região como “suicida para a economia iraniana“. A Casa Branca informou à Operations Task Force que está monitorando a situação de perto e que medidas militares e diplomáticas estão em coordenação com aliados.

Na sexta-feira, o ministro de Relações Exteriores iraniano Abbas Araghchi declarou que o país estudaria “todas as opções possíveis” até que o ataque aos locais nucleares fosse considerado respondido. O chefe da diplomacia acusou os EUA de terem “desrespeitado o direito internacional” e advertiu que “eles só entendem a linguagem da força”.

A comunidade global reagiu com preocupação. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) advertiu sobre os riscos de contaminação radioativa caso ataques continuem, e países do Oriente Médio como Emirados Árabes, Arábia Saudita e Catar pediram contenção diplomática. A ONU convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança a pedido de Teerã, prevista ainda para este domingo.

Enquanto isso, o Irã já iniciou retaliações com disparos de mísseis balísticos em direção a Israel, causando feridos em Tel Aviv, mas sem atingir alvos americanos até o momento.

O mundo observa com tensão crescente: a decisão parlamentar pode transformar um confronto regional em crise energética global. Se o conselho aprovar o fechamento, o impacto será sentido desde refinarias asiáticas até as bombas nos postos de gasolina nos EUA. A vigilância agora se volta à próxima movimentação de Teerã – e à resposta americana diante de uma escalada sem precedentes.

Fontes: Axios, Newsweek, Al Arabiya

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