O jogo duplo da França: discurso sustentável, boicote por trás

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Diversos estados-membros da União Europeia têm demonstrado desconforto com o que consideram “estratégias” do governo francês para atrasar as metas de sustentabilidade do bloco. A intenção de Paris seria propor, no próximo encontro de líderes do bloco, a separação da busca pelos objetivos firmados para 2035 e 2040.

Segundo altos servidores do bloco, um pequeno grupo de países apoia as iniciativas, defendendo que primeiro devem ser tratados os objetivos de 2035, para então iniciar a discussão envolvendo as metas de 2040. Hungria e Polônia – esta a proponente inicial da ideia – estariam no grupo, mas, nas palavras do oficial, “La France lidera“.

O debate gira em torno de objetivos previstos em normativos distintos. As metas para 2035 constam do Acordo de Paris, em que a ONU exige que, até setembro deste ano, os signatários apresentem seus alvos. Em momentos anteriores, o valor discutido na UE para este período girou em torno de 72,5% de redução de emissões.

Por sua vez, os objetivos para 2040 estão previstos na Lei Europeia do Clima, cujo objetivo é levar o bloco à neutralidade climática até 2050. Pela lei, a UE deve apresentar metas para cada década, indicando o caminho até o chamado “net-zero“. Para 2040, a Comissão Europeia, braço executivo do bloco, pretende apresentar como meta a redução de 90%.

Oficiais franceses, entre eles o ministro para Transição Ecológica e o representante oficial em Bruxelas, se apressaram a negar as acusações. “Desmembrar as metas de 2024 e 2025 não é o nosso objetivo“, afirmou o ministério da Ecologia.

Antes de correr para uma nova meta, vamos detalhar como atingi-la e dar suporte aos nossos agentes econômicos“, disse Benjamin Haddad, ministro francês para a Europa.

As questões climáticas e seus reflexos na economia do bloco vêm se tornando um ponto cada vez mais contencioso para a UE. A mudança da composição do parlamento após as últimas eleições, com a ascensão de partidos à direita do espectro político, forçou a liderança do bloco a rever posições e fazer concessões.

A única coisa que Macron vai conseguir propondo o desmembramento no próximo encontro é fazer a UE parecer dividida“, lamentou um oficial.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, vem sofrendo ataques de ambos os lados, ora por privilegiar os objetivos sustentáveis previstos no “Green Deal“, ora por flexibilizá-los. A discussão em torno de manter ou desmembrar as metas vai na esteira dessa divisão.

Fontes: Politico Europe, The New York Times

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