Na última terça-feira (24), o Partido Socialista Francês anunciou a convocação de uma moção de censura contra François Bayrou, primeiro-ministro do país. Caso Bayrou fracasse, a França ficará sem governo pela segunda vez desde dezembro de 2024.
O movimento vem após o colapso das negociações sobre mudanças na lei que reestruturou o sistema de aposentadorias francês em 2023. Durante as conversas, Bayrou recusou a proposta dos socialistas de que os partidos apresentassem alterações à lei, como, por exemplo, a redução da idade mínima. Frente à negativa, o partido retirou seu apoio ao governo.
O primeiro-ministro descumpriu sua promessa “e isso nos compele a convocar um voto de confiança“, anunciou Boris Vallaud, líder dos socialistas na Assembleia Nacional, câmara baixa do parlamento francês.
A votação deve ocorrer ainda nesta semana. La France Insoumise, partido de esquerda liderado por Jean-Luc Melenchón, já anunciou apoio à iniciativa dos socialistas. Para se manter no poder, portanto, Bayrou precisará recorrer ao apoio da extrema-direita. O Rassemblement National (RN), de Marine Le Pen, afirmou que não apoiará a medida caso ela tenha como base o sistema de pensões. No entanto, Jordan Bardella, presidente do RN, declarou que, caso a justificativa seja outra, a posição do partido pode mudar.
Ainda que a votação não derrube o governo, Bayrou sairá enfraquecido do episódio, o que pode comprometer negociações futuras, especialmente relativas à aprovação do orçamento de 2026. O governo defende um ajuste fiscal rigoroso, propondo cortes de despesas na faixa de € 40 bilhões.