Em meio à intensificação do conflito com Israel, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, rejeitou publicamente qualquer negociação com os Estados Unidos, alertando que uma ofensiva americana contra o país resultaria em “danos irreparáveis” para Washington. A declaração foi feita em um pronunciamento televisionado nesta quarta-feira (18), transmitido de um local não revelado por razões de segurança.
Apesar do tom contundente de Khamenei, uma autoridade sênior do Ministério das Relações Exteriores iraniano — que preferiu manter o anonimato — afirmou que o Irã estaria disposto a aceitar a proposta do presidente Donald Trump de iniciar negociações em breve. Segundo a fonte, o chanceler iraniano Abbas Araghchi estaria preparado para se reunir com o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, ou até mesmo com o vice-presidente JD Vance. O objetivo principal seria discutir um cessar-fogo com Israel e as preocupações internacionais sobre o programa nuclear iraniano.
Araghchi já havia sinalizado nos últimos dias que o Irã estaria aberto à diplomacia caso Israel suspendesse seus ataques. Para o diplomata, bastaria um telefonema de Trump ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu para encerrar o conflito.
Historicamente, os contatos diretos entre altos representantes dos dois países são raríssimos desde a Revolução Islâmica de 1979. No entanto, antes da recente explosão de hostilidades, Estados Unidos e Irã conduziam conversas indiretas, mediadas por Omã, em busca de um acordo sobre o programa nuclear iraniano. As tratativas foram interrompidas abruptamente após o início dos bombardeios israelenses em território iraniano na última sexta-feira.
Desde então, Netanyahu tem pressionado Trump a participar diretamente do conflito e autorizar ataques aos complexos nucleares subterrâneos do Irã. Trump chegou a cogitar publicamente a possibilidade de bombardear o país e até de ordenar o assassinato do aiatolá Khamenei, embora tenha afirmado ainda não ter tomado uma decisão definitiva. Ele também deixou aberta a porta para a diplomacia.
Enquanto isso, cresce a mobilização internacional para evitar uma escalada regional. Líderes da Europa, Turquia e países árabes intensificaram os contatos com Teerã e Washington. Logo após o início dos bombardeios israelenses a instalações nucleares iranianas, o embaixador do país na ONU solicitou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança, que foi realizada na sexta-feira (16). Durante a sessão, o representante iraniano condenou o “uso ilegal da força” contra o Irã e pediu que os países-membro reconheçam a operação de Israel “como agressão” e impeçam “mais agressão, incluindo qualquer envolvimento de potências externas”.
Apesar das declarações oficiais que minimizam os impactos da guerra, a realidade nas ruas do Irã é caótica: milhares fogem das grandes cidades e enfrentam escassez de alimentos, água potável e abrigo seguro.
Fontes: New York Times, Newsweek e ONU