Atingidas pelo recrudescimento do conflito comercial com EUA e Europa, empresas chinesas de veículos elétricos (EV) e híbridos olham com cada vez mais cobiça para o ainda inexplorado mercado africano. O continente abriga mais de 1 bilhão de habitantes, mas uma combinação de renda per capita baixa e protecionismo alto segue afugentando as companhias estrangeiras da região.
Segundo Tony Liu, CEO da Chery South Africa, a África do Sul, por ser a maior economia do continente, funciona como uma verdadeira “porta de entrada” para o mercado automobilístico da região.
“Enxergamos a África do Sul como um dos mais importantes mercados para nossa expansão global.” Tony Liu.
O continente conta hoje com 14 marcas chinesas diferentes, entre elas as gigantes BYD e GWM. Outros nomes menores, como Changan, Leapmotor e Dayan, devem seguir o mesmo caminho em breve. O movimento é recente: metade das presentes iniciou suas operações em 2024. Os planos, porém, incluem não apenas expansão, mas também produção e montagem local, aproveitando incentivos governamentais.
Conrad Groenewald, COO da GWM, disse que, até este momento, não fazia sentido mover a produção para a África, mas que as coisas têm mudado, o que pode motivar novos estudos de viabilidade.
“Acredito que agora temos economias de escala”, comentou Conrad Groenewald.
A tendência de buscar novos mercados é uma resposta chinesa ao aperto nas economias tradicionais, fruto tanto de um desaquecimento do mercado quanto de políticas comerciais adotadas. Os EUA, por exemplo, tarifam em 100% a entrada de veículos elétricos chineses, enquanto a Europa também os taxa de forma severa.
O mercado automobilístico africano – produção inferior a 600 mil veículos por ano – é minúsculo quando comparado às demais praças, mas seu potencial de crescimento é significativo. Estudos de associações locais estimam que, se direcionados os incentivos corretos, as vendas podem escalar para até 4 milhões de carros por ano.
Dificuldades regionais, como a falta de abastecimento elétrico confiável, têm reduzido a atratividade dos EVs até o momento na África. Por este motivo, os executivos estudam também estimular a produção e venda de veículos híbridos.
Para Steve Cheng, gerente-geral da BYD na África do Sul, porém, os empecilhos não minam a estratégia. “Acredito que a África do Sul e o resto da África têm uma grande oportunidade de dar um salto enorme dos veículos tradicionais para os EVs. É um mercado enorme“.
Fontes: reuters