Fordow: o bunker nuclear iraniano que só uma super bomba americana pode destruir

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A usina de Fordow, oficialmente conhecida como Fordow Fuel Enrichment Plant, localizada próxima à cidade sagrada de Qom, no Irã, tornou-se o centro das atenções na atual escalada militar entre Israel, Estados Unidos e Irã. Enterrada sob cerca de 80 metros de rocha sólida e protegida por concreto reforçado, a instalação é considerada praticamente impenetrável por ataques aéreos convencionais. Seu nível de fortificação é tal que apenas uma arma específica no arsenal americano é tida como capaz de causar danos estruturais significativos: a bomba GBU-57, conhecida como MOP (Massive Ordnance Penetrator).

Desde que se tornou operacional em 2011, Fordow tem sido uma das instalações nucleares mais sensíveis do Irã. Embora oficialmente destinada a fins civis, como o enriquecimento de urânio para uso energético e médico, o nível de enriquecimento observado por inspetores internacionais chegou a ultrapassar os 83%, patamar próximo ao necessário para armamento nuclear. O complexo abriga milhares de centrífugas IR-1 e IR-6 e é considerado um dos ativos mais estratégicos do programa atômico iraniano. Em meio à atual campanha aérea israelense, diversas instalações nucleares iranianas, como Natanz, Esfahan e Arak, foram atingidas, mas Fordow permaneceu intocada em sua parte subterrânea, justamente por sua arquitetura profundamente reforçada.

A bomba GBU-57 representa a única alternativa real para um ataque convencional eficaz. Com 13,6 toneladas e capacidade de perfurar até 60 metros de concreto armado, essa arma foi desenvolvida justamente para alvos como Fordow. Ela só pode ser lançada por bombardeiros furtivos B-2 Spirit, aeronaves exclusivas da Força Aérea dos Estados Unidos, o que limita sua utilização apenas ao governo norte-americano. Fontes do Pentágono indicam que seriam necessárias ao menos duas bombas lançadas com precisão extrema para causar colapso estrutural da instalação, mas há dúvidas entre especialistas sobre se mesmo isso seria suficiente, devido à geologia da região e à disposição interna do complexo.

Israel, que não possui a GBU-57 nem bombardeiros B-2, pressiona Washington a intervir diretamente. O presidente Donald Trump estabeleceu um prazo de duas semanas para tomar uma decisão sobre uma ação militar direta. Paralelamente, ele indicou que pode retomar negociações com Teerã, desde que o Irã interrompa o enriquecimento de urânio e aceite novas inspeções. 

A utilização da GBU-57 também levanta questões éticas e diplomáticas. Embora seja uma arma convencional, sua força destrutiva é próxima à de armas táticas de baixo rendimento. Especialistas alertam que um ataque direto à Fordow poderia não apenas provocar uma resposta militar iraniana, mas também comprometer permanentemente as chances de negociação diplomática. Além disso, atingir um alvo tão próximo à cidade sagrada de Qom envolveria riscos geopolíticos imprevisíveis, incluindo reações do mundo islâmico.

Mesmo que o ataque fosse bem-sucedido, retardaria o programa nuclear iraniano por meses, mas não o eliminaria. O conhecimento científico já adquirido e a existência de outras instalações permitiriam ao Irã retomar rapidamente suas atividades. Diante desse cenário, diplomatas europeus e atores regionais tentam mediar um novo canal de diálogo, na tentativa de conter uma escalada que pode rapidamente ultrapassar os limites da guerra convencional. Fordow simboliza hoje mais do que um alvo militar: é o epicentro de uma disputa entre diplomacia, tecnologia e o risco iminente de um confronto total.

Fontes: CNN, DW

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