A economia dos Estados Unidos encolheu 0,5% no primeiro trimestre de 2025, segundo dados revisados divulgados nesta quinta-feira (26) pelo Departamento de Comércio. O número superou a estimativa anterior, que apontava uma retração de 0,2%, e intensificou as preocupações sobre o ritmo da atividade econômica no início do ano.
É a primeira vez desde 2022 que o Produto Interno Bruto (PIB) — que mede tudo o que o país produz — registra queda, sinalizando que a economia americana começou 2025 perdendo fôlego.
Aumento das importações
Um dos principais fatores para o resultado negativo foi o aumento expressivo das importações. As empresas americanas compraram quase 38% a mais de produtos do exterior em relação ao trimestre anterior, temendo tarifas futuras diante de uma avaliação de mercado que sinalizava possível endurecimento nas políticas comerciais.
Embora indiquem atividade econômica na cadeia de suprimentos, as importações afetaram negativamente o PIB por se referirem a bens produzidos fora do país. Como não geram valor dentro da economia americana, essas compras contribuíram para a retração no resultado final. Segundo o governo, o impacto foi de quase cinco pontos percentuais no desempenho do trimestre.
Os gastos dos consumidores, que sustentam boa parte da economia dos EUA, cresceram apenas 0,5% entre janeiro e março — uma forte desaceleração em comparação aos 4% do fim de 2024. Isso mostra que os americanos estão mais cautelosos para consumir, afetados pelos preços altos e juros elevados.
O governo federal também reduziu seus gastos em 4,6% no trimestre — uma das maiores quedas desde 2022. Essa contenção atingiu setores importantes, como defesa, infraestrutura e programas sociais, diminuindo o fluxo de investimentos públicos na economia. Com isso, o corte de despesas reduziu ainda mais o ritmo da atividade econômica, retirando dinheiro de setores importantes.
Redução de gastos estatais
Mesmo com a redução de gastos pelo governo, a inflação segue elevada. O índice de preços PCE — usado pelo Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos) para acompanhar o custo de vida no país — avançou 3,7% no período. O núcleo da inflação, que exclui alimentos e energia devido à sua volatilidade, subiu 3,5%. Ambos os índices seguem acima da meta de 2%, o que complica a redução dos juros.
Apesar do desempenho abaixo do esperado, parte dos analistas mantém uma perspectiva otimista para o segundo trimestre. O Federal Reserve de Atlanta projeta crescimento de até 3%, enquanto outras consultorias apontam uma recuperação mais moderada, entre 1,5% e 2%.
Por outro lado, há quem veja um risco maior: que os Estados Unidos estejam entrando em um ciclo de crescimento fraco com inflação resistente — um cenário conhecido como estagflação, no qual há estagnação da atividade econômica combinada com alta persistente dos preços —, o que dificultaria uma retomada sustentada nos próximos meses.
Enquanto isso, outras grandes economias apresentaram desempenhos mais favoráveis. A China cresceu 1,2% no mesmo período, impulsionada pelo setor de tecnologia e investimentos públicos. Já a Zona do Euro avançou 0,4%, com destaque para a recuperação gradual da indústria alemã. Esses contrastes reforçam as dúvidas sobre a resiliência do modelo econômico dos Estados Unidos.
Fonte: Daily Sabah