O Tribunal Federal de Manhattan havia marcado o início do julgamento para a última segunda-feira (30). Contudo, ao se declarar culpado no dia 25 de junho, o julgamento foi cancelado e o próximo passo do processo será a audiência de sua sentença, que está marcada para o dia 29 de outubro de 2025.
Ao se declarar culpado antes de seu julgamento, Hugo Carvajal, “El Pollo“, admitiu oficialmente os crimes pelos quais é acusado, e, portanto, já não há necessidade de um julgamento completo com a presença de um júri. Se quiser se aprofundar melhor sobre o Caso Carvajal, recomendamos a leitura de nosso artigo: A caixa-preta do narcotráfico da América Latina está prestes a ser aberta.
Implicações jurídicas
Na confissão antecipada, também chamada nos EUA de “plea deal” ou “plea bargain”, o réu assume a culpa voluntariamente. Em troca, evita exposição de detalhes mais graves, que poderão ser barganhados com a promotoria, a fim de receber uma pena inferior à que poderia enfrentar, caso fosse sentenciado em tribunal.
Segundo seu advogado, o promotor não ofereceu oficialmente um plea deal antes de sua confissão. Carvajal entrou com uma “confissão direta sem promessas de clemência“. Entretanto, isso não exclui a possibilidade de haver uma cooperação futura. A promotoria pode sugerir que Carvajal receba redução de pena se houver “colaboração substancial” com revelações importantes.
A expectativa permanece para que ele entregue informações valiosas sobre o funcionamento interno do Cartel de los Soles, ligações entre Maduro, as FARC, Irã, Cuba, Rússia e Foro de São Paulo. No entanto, qualquer informação que ele forneça só poderá ser revelada na fase da audiência de sua sentença. As informações permanecerão em sigilo para evitar represálias e por segurança de investigações maiores, mediante sua delação.
Se Carvajal colaborar, o governo dos EUA poderá enviar uma carta ao juiz, recomendando uma pena inferior; se não, sua pena mínima prevista permanece sendo uma pena mínima de 50 anos ou máxima perpétua.
Abaixo seguem alguns exemplos de casos julgados anteriormente:
Frank Lucas – Colaborou
- Tráfico de drogas – Harlem (década de 1970)
- Crime: um dos maiores traficantes de heroína dos EUA.
- Cooperação: entregou dezenas de policiais corruptos e concorrentes.
- Resultado: reduziu sua pena de 70 anos para 5 anos.
Inspirou o filme “O Gângster” (American Gangster, com Denzel Washington).
Joaquín “El Chapo” Guzmán – Não colaborou
- Tráfico de drogas: Cartel de Sinaloa
- Cooperação: El Chapo não cooperou com os EUA.
- Resultado: condenado à prisão perpétua + 30 anos adicionais, sem possibilidade de redução.
O caso de El Chapo ilustra bem o que ocorre quando não há cooperação com a Justiça. Por isso, as expectativas em torno de uma eventual colaboração de Carvajal permanecem elevadas. Tudo dependerá do que ele decidir revelar, da consistência de suas delações, de sua utilidade e verificação pelo Departamento de Justiça — e se isso ocorrer antes da data prevista para a sentença, em 29 de outubro.