Neste domingo (22), o governo brasileiro, por meio do Itamaraty, manifestou-se oficialmente sobre os ataques realizados por Israel e pelos Estados Unidos contra instalações nucleares no Irã, ocorridos no sábado (21).
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores expressou “grave preocupação com a escalada militar no Oriente Médio” e condenou “com veemência” os bombardeios, que violam a soberania iraniana e tratados internacionais de segurança nuclear. Segundo o comunicado, ofensivas contra estruturas atômicas civis representam:
“Uma flagrante transgressão da Carta das Nações Unidas e das normas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)”, com potencial para causar “danos irreversíveis à saúde humana, ao meio ambiente e à estabilidade regional.”
O Brasil também reafirmou sua posição histórica de defesa do uso exclusivamente pacífico da energia nuclear e apelou por “máxima contenção” de todas as partes envolvidas, destacando a urgência de uma solução diplomática para o conflito.
Brasil e Irã: aproximação sob escrutínio

Um dos marcos recentes na aproximação diplomática entre Brasil e Irã foi a autorização para que os navios de guerra iranianos IRIS Makran e IRIS Dena atracassem no Porto do Rio de Janeiro, em fevereiro de 2023. A visita gerou reações do governo norte-americano. A embaixadora dos EUA no Brasil, Elizabeth Bagley, chegou a sugerir que as embarcações poderiam estar envolvidas com tráfico de armas ou transporte de materiais sensíveis.
A repercussão gerou boatos em redes sociais e blogs, sugerindo que os navios teriam vindo ao Brasil buscar urânio enriquecido. As alegações foram prontamente desmentidas pelas autoridades brasileiras e pela Marinha do Brasil.
“O Brasil não exporta urânio enriquecido para fins militares.
Somos signatários do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) e de acordos com a AIEA, que limitam o uso do nosso urânio exclusivamente a fins pacíficos.”
— Nota conjunta do Ministério de Minas e Energia e do Itamaraty (fev. 2023)
A Indústrias Nucleares do Brasil (INB) também reforçou que todo o ciclo do urânio nacional é rigidamente monitorado por técnicos da AIEA, impossibilitando desvios para uso bélico ou exportações não autorizadas.
Alckmin em Teerã: missão diplomática oficial
Em julho de 2024, o vice-presidente Geraldo Alckmin representou o Brasil na posse do novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, em Teerã. Durante a visita oficial, Alckmin participou da cerimônia de posse, reuniu-se com autoridades iranianas. Parte do alto escalão reunido na cerimônia foi eliminado no conflito que ocorre no Oriente médio.
Fontes: Ministério das Relações Exteriores – Nota oficial (22/06/2025)
INB – Informes sobre o ciclo do urânio no Brasil
AIEA e ABACC – Relatórios de monitoramento nuclear
Portal da Vice-Presidência – Agenda oficial de Alckmin em Teerã (julho de 2024)