Austrália sanciona petroleiros fantasma russos

Nesta quarta-feira (18), a Austrália impôs pela primeira vez sanções diretas a 60 navios vinculados à chamada “shadow fleet” russa — uma rede clandestina de petroleiros usada para driblar sanções internacionais e financiar a guerra da Rússia contra a Ucrânia. A ministra das Relações Exteriores australiana, Penny Wong, explicou que essas embarcações operam sob práticas enganosas: trocando bandeiras, desligando sistemas de rastreamento e navegando com seguros inadequados. Tais táticas viabilizam o transporte ilícito de petróleo russo, contornando restrições impostas pelo G7, União Europeia, Reino Unido, Estados Unidos e Canadá. “Essas sanções reforçam o compromisso da Austrália em garantir que a Rússia, e aqueles que viabilizam sua invasão, enfrentem consequências“, declarou Penny Wong, reforçando a pressão para que Moscou encerre o conflito e retire suas tropas da Ucrânia. Foco específico nos navios da shadow fleet O governo australiano já aplicou mais de 1.400 sanções desde o início da invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, mas este é o primeiro foco específico nos navios da shadow fleet. A medida permite às autoridades negar a entrada desses navios em portos australianos ou expulsá-los caso já estejam dentro de águas territoriais. A shadow fleet russa é formada por centenas de petroleiros antigos, operando geralmente sem seguro adequado ou certificações internacionais. Estudos do centro Kyiv School of Economics (KSE) apontam que, em abril de 2024, 83% do petróleo bruto e 46% dos produtos derivados exportados pela Rússia foram embarcados por esta frota, minando os efeitos das sanções como o teto de preço do petróleo de US$ 60 por barril. De 2022 a dezembro de 2023, a frota “fantasma” em cresceu de cerca de 600 para estimados 1.100–1.400 navios, com apenas 118 embarcações sancionadas por EUA, UE ou Reino Unido. O S&P Global classifica esse grupo como responsável por 17% da capacidade global de petroleiros em operação — cerca de 940 navios — com aumento de quase 60% em um ano. Além de minar sanções, a shadow fleet apresenta sérios riscos ambientais e de segurança, pois muitos navios têm mais de 20 anos e operam sem seguro adequado, aumentando a probabilidade de acidentes, vazamentos e colapsos estruturais. A Organização Marítima Internacional destacou que esses navios operam fora dos padrões internacionais, tornando difíceis a interceptação e a fiscalização . A ação australiana acompanha medidas similares de países como Reino Unido, Canadá e UE, que vêm sancionando navios do shadow fleet em pacotes recentes — o Reino Unido adicionou 20 petroleiros em sua última rodada, e a UE sancionou quase 200 em maio, com um 18º pacote em discussão. Com a imposição das sanções, a Austrália reforça seu apoio à soberania da Ucrânia e à necessidade de cortar fontes de financiamento da máquina de guerra russa. O país exige que Moscou encerre imediatamente o conflito e inicie negociações significativas. “Continuaremos com ações coordenadas e decisivas para proteger a Ucrânia e atrapalhar a capacidade russa de sustentar sua agressão“, disse Penny Wong. Enquanto isso, analistas enviam alerta: os preços do petróleo podem subir e refinadores asiáticos, como os da Índia e China, enfrentarão reajustes no custo da cotação do barril em razão da limitação da shadow fleet. Ademais, potenciais desastres marítimos tornam-se mais prováveis dada a idade e a falta de manutenção dessas embarcações — um custo extra que poderá impactar populações e governos costeiros. A ação da Austrália representa um passo relevante no esforço conjunto do Ocidente para complicar o esquema de evasão de sanções russas. No entanto, sua eficácia dependerá tanto da capacidade de monitoramento global quanto da disposição de outros países em fechar brechas na implementação dessas medidas. Fontes: Kyiv Independent, S&P Global, Australia Foreign Minister
Parlamento iraniano aprova fechamento do Estreito de Ormuz

O parlamento do Irã aprovou, neste domingo (22), uma proposta que faculta o fechamento do Estreito de Ormuz. Esta é uma passagem estratégica por onde circula cerca de 20% do comércio mundial de petróleo. Isso ocorre em retaliação aos ataques a instalações nucleares iranianas conduzidos pelos EUA e Israel na última semana. A execução da decisão, entretanto, está condicionada à aprovação final do Conselho Supremo de Segurança Nacional do país, conforme adiantado pela agência estatal Press TV. A medida ocorreu horas depois que bombardeiros americanos B‑2 lançaram bombas antimísseis nas instalações em Fordow, Natanz e Esfahan, descritas pelo Pentágono como “obliteradas” pelo poder dos artefatos usados. O ataque foi a maior ação militar direta dos EUA contra o Irã desde 1979. Em discurso, o comandante da Guarda Revolucionária e deputado Esmail Kosari afirmou que “o fechamento do Estreito está na ordem do dia e será realizado quando necessário“, embora a decisão final dependa do conselho de segurança. Fontes parlamentares confirmam que a votação foi unânime. O Estreito de Ormuz conecta o Golfo Pérsico ao Oceano Índico e é responsável por cerca de 17 a 18 milhões de barris de petróleo por dia, representando cerca de um quinto do consumo global. Sua interrupção imediata provocaria disparada nos preços do petróleo. Já há indícios disso: o barril de Brent subiu mais de 10% nas últimas sessões, alcançando valores acima de US$ 77. A decisão iraniana acendeu o alerta em mercados globais. Analistas da Eurasia Group e Bloomberg estimam que, se fechada, a passagem pode elevar o preço do petróleo para US$ 100 o barril — cenário confirmado por movimentos de testes de traders e subscrições em contratos futuros. A resposta americana não tardou: o vice-presidente JD Vance classificou qualquer interrupção na região como “suicida para a economia iraniana“. A Casa Branca informou à Operations Task Force que está monitorando a situação de perto e que medidas militares e diplomáticas estão em coordenação com aliados. Na sexta-feira, o ministro de Relações Exteriores iraniano Abbas Araghchi declarou que o país estudaria “todas as opções possíveis” até que o ataque aos locais nucleares fosse considerado respondido. O chefe da diplomacia acusou os EUA de terem “desrespeitado o direito internacional” e advertiu que “eles só entendem a linguagem da força”. A comunidade global reagiu com preocupação. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) advertiu sobre os riscos de contaminação radioativa caso ataques continuem, e países do Oriente Médio como Emirados Árabes, Arábia Saudita e Catar pediram contenção diplomática. A ONU convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança a pedido de Teerã, prevista ainda para este domingo. Enquanto isso, o Irã já iniciou retaliações com disparos de mísseis balísticos em direção a Israel, causando feridos em Tel Aviv, mas sem atingir alvos americanos até o momento. O mundo observa com tensão crescente: a decisão parlamentar pode transformar um confronto regional em crise energética global. Se o conselho aprovar o fechamento, o impacto será sentido desde refinarias asiáticas até as bombas nos postos de gasolina nos EUA. A vigilância agora se volta à próxima movimentação de Teerã – e à resposta americana diante de uma escalada sem precedentes. Fontes: Axios, Newsweek, Al Arabiya
EUA atacam usinas nucleares do Irã: bomba GBU-57 entra em ação e guerra escala no Oriente Médio

Durante a madrugada, os Estados Unidos realizaram ataques aéreos coordenados junto com Israel, atingindo as três principais instalações nucleares do Irã — Natanz, Esfahan e Fordow — em um ataque que marca a entrada direta norte-americana no conflito com Teerã. O presidente Donald Trump declarou que os alvos foram “obliterados” por bombardeiros B‑2 e mísseis Tomahawk equipados com bombas antincrustantes, incluindo a poderosa GBU‑57 empregada especificamente contra a fortificada usina subterrânea de Fordow. A guerra entre Israel e Irã chega ao décimo dia de hostilidades consecutivas, que começaram em 13 de junho, com Israel alegando que o programa atômico iraniano estava a apenas semanas de alcançar capacidade militar . De acordo com Trump, os ataques americanamente coordenados com Israel causaram danos estruturais significativos às centrais nucleares, mas o Irã afirmou que o impacto foi limitado, já que conseguiram remover materiais sensíveis antes das bombardeios . Fontes militares informam que os bombardeiros B‑2 dispararam bombas gigantescas contra Fordow — a única instalação subterrânea projetada para resistir a ataques convencionais — e lançaram mísseis Tomahawk contra Natanz e Esfahan. A comunidade internacional reagiu com preocupação. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) alertou sobre o perigo de ataques a centrais nucleares e disse que o bombardeio de áreas como Fordow pode gerar liberação radioativa, representando risco tanto interno quanto transfronteiriço. No terreno, o Irã retaliou com uma nova onda de ataques com mísseis balísticos e drones suicidas contra alvos israelenses. Ao menos onze pessoas ficaram feridas em Tel Aviv e Jerusalém, com sirenes disparando durante a madrugada. A mídia iraniana reportou mais de 400 mortos e mais de 3.000 feridos apenas em consequência dos ataques israelenses, mantendo a narrativa de injustiça e agressão externa . O Irã descartou qualquer negociação sobre seu programa nuclear enquanto os bombardeios prosseguissem. O presidente Masoud Pezeshkian afirmou ainda que a atividade nuclear continuaria “sob quaisquer circunstâncias”. Trump havia inicialmente dado um prazo de 14 dias para decidir qual seria a ação norte-americana contra o Irã, e na sexta-feira (19), os EUA iniciaram movimentações de bombardeiros B-2 em direção a bases no Oceano Índico como uma demonstração de força. O ataque desta noite gerou atenção global: alguns legisladores norte-americanos questionam a legalidade de ataques sem autorização do Congresso. Recursos como petróleo sofreram impactos no mercado, aumentando o nervosismo econômico. No espaço diplomático, grupos como ONU, França, Turquia e países árabes cobram cessar-fogo e prudência para evitar um conflito regional mais amplo. Com o conflito entrando em uma nova fase, a intervenção americana ao lado de Israel representa um marco histórico. A ofensiva destruiu parcialmente o coração do programa nuclear iraniano, mas acendeu novo ciclo de agressões e transforma o Oriente Médio em um caldeirão de tensões políticas, militares e humanitárias — cenário que pode definir os rumos geopolíticos das próximas décadas. Fontes: Reuters, Reuters, ArabNews
Terremoto de 5,1 graus atinge usina nuclear de Fordow e reacende temores no Irã

Na última sexta-feira à noite, um terremoto de magnitude 5,1 sacudiu o norte do Irã, com epicentro a cerca de 36 km a sudoeste de Semnan, atingindo profundamente regiões sensíveis como Qom e o vilarejo de Fordo, onde está localizada a usina de enriquecimento nuclear Fordow. O abalo, com profundidade de aproximadamente 10 km, foi sentido em Teerã e cidades vizinhas, provocando apreensão entre autoridades e moradores. Imediatamente, surgiram especulações sobre uma possível ligação entre o tremor e ações militares israelenses ou até testes nucleares iranianos, uma vez que Fordow já esteve sob ataques aéreos no recente conflito com Israel. Contudo, especialistas sísmicos descartam essas teorias, apontando que o Irã está localizado na falha alpina-himalaia, uma das mais ativas do mundo. Entre 2006 e 2015, o país registrou cerca de 96.000 tremores — média de mais de 2.000 por ano, dos quais 15 a 16 com magnitude superior a 5. As análises de agências como o USGS confirmam que segmentos de falhas naturais foram responsáveis pelo tremor. Ao contrário de explosões subterrâneas, os eventos sísmicos naturais geram ondas do tipo P e S, padrão detectado neste caso, reforçando sua origem tectônica. Nenhum dano em estruturas foi relatado, e as autoridades nucleares iranianas afirmam que Fordow e outras instalações permanecem intactas. A usina de Fordow, construída sob mais de 80 metros de rocha e reforçada com concreto, além de sistemas antiaéreos S‑300, resiste a ataques convencionais e a fenômenos naturais — fato reconhecido pela AIEA após inspeções políticas. Seu principal objetivo é garantir o enriquecimento de urânio em níveis civis, mas a proximidade à pureza militar levanta debates sobre riscos estratégicos. Esse tremor serve como um lembrete potente de que nem toda crise no local decorre de ações beligerantes ou nucleares. Em vez disso, é a tensão constante na região sísmica do Irã que representa uma ameaça real à comunidade e à infraestrutura crítica, incluindo Fordow. O episódio também destaca os desafios enfrentados pelos especialistas e diplomatas ao separar causas naturais de implicações políticas, especialmente em um contexto já altamente tensionado. Fontes: New York Times, Anadolu, India Today
Fordow: o bunker nuclear iraniano que só uma super bomba americana pode destruir

A usina de Fordow, oficialmente conhecida como Fordow Fuel Enrichment Plant, localizada próxima à cidade sagrada de Qom, no Irã, tornou-se o centro das atenções na atual escalada militar entre Israel, Estados Unidos e Irã. Enterrada sob cerca de 80 metros de rocha sólida e protegida por concreto reforçado, a instalação é considerada praticamente impenetrável por ataques aéreos convencionais. Seu nível de fortificação é tal que apenas uma arma específica no arsenal americano é tida como capaz de causar danos estruturais significativos: a bomba GBU-57, conhecida como MOP (Massive Ordnance Penetrator). Desde que se tornou operacional em 2011, Fordow tem sido uma das instalações nucleares mais sensíveis do Irã. Embora oficialmente destinada a fins civis, como o enriquecimento de urânio para uso energético e médico, o nível de enriquecimento observado por inspetores internacionais chegou a ultrapassar os 83%, patamar próximo ao necessário para armamento nuclear. O complexo abriga milhares de centrífugas IR-1 e IR-6 e é considerado um dos ativos mais estratégicos do programa atômico iraniano. Em meio à atual campanha aérea israelense, diversas instalações nucleares iranianas, como Natanz, Esfahan e Arak, foram atingidas, mas Fordow permaneceu intocada em sua parte subterrânea, justamente por sua arquitetura profundamente reforçada. A bomba GBU-57 representa a única alternativa real para um ataque convencional eficaz. Com 13,6 toneladas e capacidade de perfurar até 60 metros de concreto armado, essa arma foi desenvolvida justamente para alvos como Fordow. Ela só pode ser lançada por bombardeiros furtivos B-2 Spirit, aeronaves exclusivas da Força Aérea dos Estados Unidos, o que limita sua utilização apenas ao governo norte-americano. Fontes do Pentágono indicam que seriam necessárias ao menos duas bombas lançadas com precisão extrema para causar colapso estrutural da instalação, mas há dúvidas entre especialistas sobre se mesmo isso seria suficiente, devido à geologia da região e à disposição interna do complexo. Israel, que não possui a GBU-57 nem bombardeiros B-2, pressiona Washington a intervir diretamente. O presidente Donald Trump estabeleceu um prazo de duas semanas para tomar uma decisão sobre uma ação militar direta. Paralelamente, ele indicou que pode retomar negociações com Teerã, desde que o Irã interrompa o enriquecimento de urânio e aceite novas inspeções. A utilização da GBU-57 também levanta questões éticas e diplomáticas. Embora seja uma arma convencional, sua força destrutiva é próxima à de armas táticas de baixo rendimento. Especialistas alertam que um ataque direto à Fordow poderia não apenas provocar uma resposta militar iraniana, mas também comprometer permanentemente as chances de negociação diplomática. Além disso, atingir um alvo tão próximo à cidade sagrada de Qom envolveria riscos geopolíticos imprevisíveis, incluindo reações do mundo islâmico. Mesmo que o ataque fosse bem-sucedido, retardaria o programa nuclear iraniano por meses, mas não o eliminaria. O conhecimento científico já adquirido e a existência de outras instalações permitiriam ao Irã retomar rapidamente suas atividades. Diante desse cenário, diplomatas europeus e atores regionais tentam mediar um novo canal de diálogo, na tentativa de conter uma escalada que pode rapidamente ultrapassar os limites da guerra convencional. Fordow simboliza hoje mais do que um alvo militar: é o epicentro de uma disputa entre diplomacia, tecnologia e o risco iminente de um confronto total. Fontes: CNN, DW
Dow Jones abre em alta com investidores reagindo à cautela de Trump sobre guerra entre Israel e Irã

O presidente Donald Trump anunciou que decidirá em até duas semanas se os Estados Unidos entrarão diretamente no conflito entre Israel e Irã — uma medida que já teve impacto imediato nos mercados financeiros globais. O índice Dow Jones abriu em alta nessa sexta-feira (20), refletindo alívio temporário diante da postergação de um possível envolvimento militar em um momento de intensa volatilidade geopolítica. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, declarou que existe “uma chance substancial de negociações” com Teerã nos próximos dias, o que justifica o prazo imposto de duas semanas. Leavitt afirmou que “o objetivo central é impedir que o Irã adquira armas nucleares, exigindo como condição qualquer acordo a completa interrupção do enriquecimento de urânio por parte de Teerã”. Internamente, o discurso de Trump provoca divisão entre republicanos mais intervencionistas e os isolacionistas, além de críticos como o senador Chris Murphy, que descreveu o prazo de duas semanas como mais um truque retórico usado com frequência sem resultado prático. Especialistas alertam que uma intervenção militar americana poderia provocar uma forte reação nos mercados: aumento imediato nos preços do petróleo e recuos robustos nos índices de ações. No terreno diplomático, países europeus como Reino Unido, França e Alemanha planejam reunir-se com representantes iranianos em Genebra nessa sexta-feira para tentar reabrir canais de diálogo antes do prazo estipulado por Trump. O chanceler britânico David Lammy classificou o cenário como “perigoso”, mas reconheceu que ainda há uma janela para a diplomacia. Enquanto isso, confrontos prosseguem entre Israel e Irã: Israel lançou ataques contra instalações nucleares iranianas, como a usina pesada de Arak e o complexo de Natanz. O Irã retaliou com centenas de mísseis e drones, provocando vítimas civis e danos em infraestrutura hospitalar, segundo as Forças de Defesa de Israel. Embora Trump tenha insinuado a possibilidade de iniciar ataques sem consultar o Congresso — levantando dúvidas sobre o respaldo jurídico — ele voltou a afirmar que ainda há chance de negociação. Ao mesmo tempo, reforçou o posicionamento máximo de sua administração, anunciando nova estratégia de sanções para aumentar a pressão sobre o regime iraniano. A economia global reage ao compasso diplomático: o petróleo, que já perdeu parte dos ganhos recentes, e o dólar mantêm sua influência servindo como “ativos refúgio”. Investidores monitoram de perto o prazo de duas semanas, que pode ser decisivo para a apoteose ou desaceleração do conflito militar na região. Fontes: Financial Express, Washington Post, Reuters
Síria retoma transferências internacionais via SWIFT após 14 anos

Nesta quinta-feira (19), o governador do Banco Central da Síria, Abdelkader Husriyeh, anunciou que foi feita com sucesso a primeira transferência bancária internacional via SWIFT desde o início da guerra civil há 14 anos. A transação, realizada no domingo anterior, envolveu um banco sírio e uma instituição italiana, marcando uma retomada histórica da integração da Síria ao sistema financeiro global. A operação ocorre em um momento de acentuada reformulação econômica. A suspensão de sanções ocidentais – com os EUA aliviando restrições após uma reunião entre o presidente interino sírio Ahmed al‑Sharaa e o presidente Trump em maio, e a União Europeia removendo os embargos econômicos – criou condições favoráveis para a reentrada da Síria nos mercados internacionais. Husriyeh afirmou que outras transferências, inclusive para bancos norte-americanos, poderiam ocorrer nas próximas semanas, abrindo uma “porta ampla” para operações financeiras regulares. Ele presidiu uma conferência virtual com representantes de bancos sírios, instituições americanas e autoridades como o enviado dos EUA para a Síria, Thomas Barrack, estendendo convite a grandes bancos como JPMorgan, Morgan Stanley e Citibank para retomar relações de correspondência bancária. O reforço da conectividade bancária internacional é crucial para financiar a reconstrução do país devastado pela guerra e atender às necessidades da população, onde cerca de 90% vive em situação de pobreza, de acordo com a ONU. Além disso, esse movimento faz parte de um pacote de reformas econômicas mais amplo, liderados por Husriyeh e o governo interino, que inclui privatizações, liberalização do comércio exterior, restauração dos serviços bancários eletrônicos e preparação para emissão de sukuk – títulos islâmicos compatíveis com a sharia. Essas iniciativas, juntamente com a recente liquidação de dívidas com o Banco Mundial por parte de Arábia Saudita e Catar e a reabertura de negociações com o FMI, reforçam a perspectiva de que a Síria consiga se reestabelecer economicamente e progressivamente reconquistar a confiança de investidores internacionais Fontes: L’Orient Today, Financial Times, Reuters
Putin se dispõe a encontrar com Zelensky, mas impõe condições rígidas

O presidente russo Vladimir Putin declarou nesta quinta-feira (19), durante debate no Fórum Econômico de São Petersburgo, que está disposto a se reunir com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky — mas somente na “fase final” de um eventual acordo de paz. Putin condicionou qualquer avanço a limites drásticos impostos à Ucrânia: neutralidade, renúncia à adesão à OTAN, ceder cinco regiões (incluindo áreas ainda sob controle ucraniano), reduzir seu exército e suspender o recebimento de armamentos ocidentais. Essa oferta ocorre quase simultaneamente ao mais recente ataque aéreo russo sobre Kiev, no qual pelo menos 28 civis morreram e 130 ficaram feridos após uma série de mísseis que atingiram áreas residenciais. Zelensky, por sua vez, exigiu que a comunidade internacional pressione Moscou por um cessar-fogo e responsabilize formalmente a Rússia pelos danos infligidos à população civil. O cerco diplomático se reforçou nas últimas semanas. A proposta de um cessar‑fogo de 30 dias, apresentada pelos EUA em março, foi aceita pela Ucrânia, mas rejeitada por Moscou há cerca de 100 dias, de acordo com o ministro ucraniano Andrii Sybiha. Desde então, a Rússia continua bombardeando alvos civis e militares com mísseis e drones em larga escala. O saldo desse ataque contínuo inclui a morte de ao menos um cidadão americano em Kiev e diversos prédios residenciais em colapso, incluindo um edifício de nove andares atingido pela manhã de terça-feira, que registrou 23 mortes só nesse incidente. Como resposta, países como o Reino Unido e o Canadá impuseram recentemente novas sanções adicionais ao setor de defesa russo e reafirmaram pacotes de ajuda militar à Ucrânia. Putin também alertou a Alemanha para a possibilidade de retaliação caso Berlim forneça mísseis Taurus à Ucrânia, questionando a imparcialidade do país como mediador. Já o presidente Trump avaliou como incerto o momento ideal para enviar tropas americanas à Ucrânia e defendeu manter em aberto a diplomacia — posição similar à de Zelensky, que insiste que o tempo para negociar ainda está em aberto. Fonte: Washington Post, AP, Kyiv Independent
Irã usa munição cluster contra Israel enquanto Trump adia decisão sobre ataque militar

Pela primeira vez desde o início do conflito aberto entre Irã e Israel, as Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram que um míssil iraniano equipado com ogiva de munição cluster foi lançado contra uma área densamente povoada no centro do país. O ataque, ocorrido na cidade de Or Yehuda e em localidades vizinhas, não causou mortes, mas provocou forte apreensão entre autoridades e moradores. Imagens verificadas por analistas independentes mostram submunições não detonadas — pequenas bombas que se espalham na explosão — em calçadas, pátios residenciais e até no estacionamento de um hospital. A munição cluster, banida por mais de 100 países sob a Convenção de 2008, é notoriamente imprecisa e perigosa para civis, pois muitas submunições não explodem imediatamente e podem detonar dias ou semanas depois. Nem Israel, nem o Irã, tampouco potências como Estados Unidos, China ou Rússia, aderiram à convenção. Segundo especialistas do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), o projétil lançado provavelmente pertencia a modelos iranianos como o Qiam ou o Khorramshahr, capazes de carregar dezenas de submunições explosivas. Este ataque marca uma escalada importante na guerra, iniciada há sete dias com bombardeios israelenses sobre alvos militares e nucleares em território iraniano. Desde então, Israel afirma ter eliminado pelo menos 10 comandantes de alto escalão iranianos, e o Ministério da Saúde do Irã confirma mais de 220 mortos no país. Em retaliação, Teerã já lançou mais de 400 mísseis contra Israel, sendo a maioria interceptada, mas alguns atingiram infraestrutura militar, áreas residenciais e até um hospital no sul de Israel, matando pelo menos 24 pessoas. Em meio a essa escalada, o presidente Donald Trump anunciou nesta quinta-feira que decidirá “dentro de duas semanas” se os Estados Unidos irão atacar diretamente o Irã. A declaração representa uma mudança de tom após dias de especulações sobre uma possível ação militar iminente por parte de Washington. Trump afirmou que ainda há “uma chance substancial” de negociações com Teerã, mas que a janela para a diplomacia pode se fechar rapidamente dependendo dos desdobramentos no campo de batalha. O recuo temporário dos EUA abre espaço para articulações diplomáticas. Na sexta-feira, representantes europeus devem se reunir com diplomatas iranianos em Genebra com o objetivo de retomar o diálogo sobre o programa nuclear iraniano — conversas que foram abruptamente suspensas após os ataques israelenses. O chanceler britânico David Lammy, que participará do encontro, declarou que “a situação continua perigosa, mas existe uma oportunidade diplomática que não pode ser desperdiçada.” Por outro lado, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu reiterou que Israel é capaz de alcançar todos os seus objetivos militares sozinho, embora tenha reconhecido que forças aéreas dos EUA ajudaram na interceptação de drones iranianos. Netanyahu também confirmou, em entrevista à televisão pública israelense, que mísseis iranianos com ogivas fragmentadas já atingiram o território israelense, embora não tenha usado explicitamente o termo “munição cluster”. A guerra, que já provocou centenas de mortes e milhares de feridos em ambos os lados, pode estar entrando em uma fase ainda mais perigosa. O uso de armas de alta letalidade contra áreas civis, a possível participação militar americana e o colapso das negociações nucleares desenham um cenário de escalada regional com consequências imprevisíveis. Enquanto isso, a população civil — tanto em Teerã quanto em Tel Aviv — segue em alerta, tentando sobreviver em meio a sirenes, bombardeios e incerteza. Fontes: New York Times, New York Times
Irã ameaça os EUA, mas sinaliza abertura para diálogo em meio à guerra com Israel

Em meio à intensificação do conflito com Israel, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, rejeitou publicamente qualquer negociação com os Estados Unidos, alertando que uma ofensiva americana contra o país resultaria em “danos irreparáveis” para Washington. A declaração foi feita em um pronunciamento televisionado nesta quarta-feira (18), transmitido de um local não revelado por razões de segurança. Apesar do tom contundente de Khamenei, uma autoridade sênior do Ministério das Relações Exteriores iraniano — que preferiu manter o anonimato — afirmou que o Irã estaria disposto a aceitar a proposta do presidente Donald Trump de iniciar negociações em breve. Segundo a fonte, o chanceler iraniano Abbas Araghchi estaria preparado para se reunir com o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, ou até mesmo com o vice-presidente JD Vance. O objetivo principal seria discutir um cessar-fogo com Israel e as preocupações internacionais sobre o programa nuclear iraniano. Araghchi já havia sinalizado nos últimos dias que o Irã estaria aberto à diplomacia caso Israel suspendesse seus ataques. Para o diplomata, bastaria um telefonema de Trump ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu para encerrar o conflito. Historicamente, os contatos diretos entre altos representantes dos dois países são raríssimos desde a Revolução Islâmica de 1979. No entanto, antes da recente explosão de hostilidades, Estados Unidos e Irã conduziam conversas indiretas, mediadas por Omã, em busca de um acordo sobre o programa nuclear iraniano. As tratativas foram interrompidas abruptamente após o início dos bombardeios israelenses em território iraniano na última sexta-feira. Desde então, Netanyahu tem pressionado Trump a participar diretamente do conflito e autorizar ataques aos complexos nucleares subterrâneos do Irã. Trump chegou a cogitar publicamente a possibilidade de bombardear o país e até de ordenar o assassinato do aiatolá Khamenei, embora tenha afirmado ainda não ter tomado uma decisão definitiva. Ele também deixou aberta a porta para a diplomacia. Enquanto isso, cresce a mobilização internacional para evitar uma escalada regional. Líderes da Europa, Turquia e países árabes intensificaram os contatos com Teerã e Washington. Logo após o início dos bombardeios israelenses a instalações nucleares iranianas, o embaixador do país na ONU solicitou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança, que foi realizada na sexta-feira (16). Durante a sessão, o representante iraniano condenou o “uso ilegal da força” contra o Irã e pediu que os países-membro reconheçam a operação de Israel “como agressão” e impeçam “mais agressão, incluindo qualquer envolvimento de potências externas”. Apesar das declarações oficiais que minimizam os impactos da guerra, a realidade nas ruas do Irã é caótica: milhares fogem das grandes cidades e enfrentam escassez de alimentos, água potável e abrigo seguro. Fontes: New York Times, Newsweek e ONU