Em uma entrevista exclusiva e contundente, os generais israelenses da reserva Yaakov Amidror e Amikam Norkin ofereceram uma rara visão dos bastidores da operação militar de Israel contra o programa nuclear iraniano, deflagrada em 13 de junho de 2025. A ação, considerada uma das mais ousadas e complexas da história recente do país, teve como objetivo central impedir que o Irã alcançasse capacidade de fabricar uma arma nuclear – um temor antigo de Tel Aviv que se tornou, segundo os generais, uma ameaça iminente.

Amidror, ex-major-general e ex-conselheiro de segurança nacional de Israel, relembrou que os serviços de inteligência monitoram o avanço nuclear iraniano desde 1994. “Durante 30 anos, usamos sabotagens, ciberataques e pressão internacional. Mas agora entendemos que os iranianos chegaram a um ponto em que, se não forem imediatamente interrompidos, obterão capacidade nuclear militar“, alertou. Segundo ele, o tempo para negociações se esgotara, forçando Israel a agir diretamente.
A operação de junho faz parte de uma estratégia de dois eixos:
O primeiro consiste em desmantelar o chamado “anel de fogo” formado por proxies iranianos, como o Hezbollah no Líbano e o Hamas em Gaza, que cercam Israel e representam uma ameaça constante.
O segundo pilar foca diretamente no coração do programa nuclear iraniano, targeting instalações críticas e eliminando figuras-chave, como cientistas e líderes militares.
A operação de junho de 2025 representou um marco significativo nesse segundo pilar. Ao enfraquecer a influência dos proxies iranianos ao longo dos anos, Israel conseguiu direcionar seus recursos militares e de inteligência para neutralizar a ameaça nuclear de maneira mais eficaz. Essa segunda frente ganhou protagonismo na ação do dia 13, quando uma ofensiva aérea coordenada atingiu alvos críticos em cidades como Natanz, Isfahan, Arak e Teerã.
Segundo Norkin, ex-comandante da Força Aérea Israelense, os ataques começaram à meia-noite, com a destruição dos sistemas de defesa antiaérea iranianos, incluindo os poderosos S-400 e S-300. Com o espaço aéreo liberado, as aeronaves israelenses bombardearam instalações nucleares estratégicas, centros de comando militar e residências de cientistas ligados ao programa. O Mossad teve papel crucial na identificação de alvos prioritários e na logística da operação.
“Apesar do enorme sucesso nas primeiras 12 horas, estamos apenas no início. Levará semanas para entender completamente o que aconteceu“, explicou Norkin, ressaltando a magnitude da missão e a necessidade de acompanhamento constante das consequências.
A resposta iraniana
A resposta iraniana não tardou. Nas 48 horas seguintes, Teerã lançou uma série de ataques retaliatórios com mísseis e drones, que atingiram o norte e o centro de Israel, causando baixas civis e aumentando a tensão interna. O clima na região se deteriorou rapidamente, com receios de uma escalada que envolva atores regionais e potências internacionais.
As reações globais foram mistas. Enquanto países como os Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha manifestaram apoio à ação israelense, classificando-a como “preventiva” e “legítima”, outras nações – entre elas Rússia, Turquia e China – condenaram o ataque, acusando Israel de agravar o conflito e violar a soberania iraniana.
O presidente norte-americano alertou que, sem uma intervenção militar, o Irã poderia adquirir uma arma nuclear em semanas ou meses, enfatizando a urgência da situação e defendendo uma solução diplomática imediata para evitar um colapso regional.
Um novo capítulo
A operação de junho representa um divisor de águas na já tensa relação entre Tel Aviv e Teerã. Embora o objetivo tático – retardar o avanço nuclear iraniano – tenha sido alcançado, o impacto estratégico a longo prazo permanece incerto. O temor de uma guerra aberta no Oriente Médio cresceu, assim como a pressão sobre a comunidade internacional para mediar o conflito antes que ele se transforme em uma crise de proporções globais.
Para Amidror, a operação mostrou que Israel está disposto a correr riscos significativos para proteger sua segurança existencial. Já Norkin reforçou que a vigilância deve continuar e que o “preço da inação teria sido muito mais alto“.
A entrevista com os dois generais revela não apenas o pensamento estratégico por trás da ação, mas também a complexidade do cenário atual. Entre o realismo militar e os apelos à diplomacia, o mundo observa apreensivo os próximos capítulos de um conflito que, mais do que nunca, ultrapassa fronteiras nacionais e redefine os contornos da segurança internacional.