A Coreia do Norte planeja enviar um novo contingente de cerca de 6.000 soldados — incluindo 1.000 engenheiros de combate e 5.000 militares para reconstrução e desminagem — à região de Kursk, na Rússia, já em julho ou agosto de 2025, segundo relatórios desta quinta-feira (27), atribuindo a informação ao Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul (NIS). A movimentação acompanha o aprofundamento da aliança militar entre Pyongyang e Moscou, formalizada por um pacto de defesa mútua assinado em junho de 2024.
Desde o final de 2024 e início de 2025, estima-se que a Coreia do Norte já enviou entre 10.000 e 12.000 tropas para a fronteira entre Rússia e Ucrânia, mais especificamente na região de Kursk. Em contrapartida, Moscou fornece armamento — mísseis, artilharia e tecnologia para satélites e orientação de foguetes —, além de apoio técnico à produção militar norte-coreana.
A cooperação tem sido construída em bases sólidas: em junho de 2024, Putin e Kim Jong Un selaram o Tratado de Parceria Estratégica Abrangente, prevendo apoio recíproco em caso de conflito. Desde então, militares norte-coreanos lutam lado a lado com tropas russas na linha de frente, contando com suporte de drones e operações combinadas.
Em abril, Pyongyang reconheceu oficialmente o envio de soldados para apoiar a retomada de Kursk, elogiando seu “heroísmo“, enquanto Moscou exaltava a determinação dos combatentes norte-coreanos. O revezamento de tropas tem sido intenso, com estimativas de até 4.700 militares mortos ou feridos somente entre janeiro e março, segundo dados da Coreia do Sul.
Embora o novo grupo que será enviado em julho/agosto tenha perfil técnico — engenheiros e especialistas em desminagem —, o NIS destacou que eles atuam em território russo, e não em solo ucraniano. Ao mesmo tempo, o aprofundamento dessa colaboração preocupa aliados ocidentais, que alertam para a possibilidade de transferência de tecnologia nuclear, cibernética e de mísseis em troca do apoio militar.
Além das tropas, o mundo mantém atenções voltadas para o uso de tecnologia russa — satélites e sistemas de orientação — fornecidos a Pyongyang em contrapartida ao envio de armas e munições a Moscou. Essa dinâmica é parte de uma aliança crescente que afeta não apenas o equilíbrio na guerra da Ucrânia, mas também pode repercutir em toda a Ásia Oriental e no programa nuclear norte-coreano.
Tropas norte-coreanas em combate no ano passado

Em meados de 2024, surgiram os primeiros indícios de que soldados da Coreia do Norte estavam combatendo junto às forças russas na região de Kursk. Inicialmente, estimou-se o envio de 10.000 a 12.000 combatentes, com operações significativas organizadas por especialistas do Exército russo, inclusive a formação do chamado “Storm Corps“.
Durante o inverno de 2024, a BBC e a imprensa ocidental afirmaram que cerca de 11.000 soldados norte-coreanos estavam em Kursk, participando das ofensivas para retomar territórios ocupados pela Ucrânia. As tropas sofreram pesadas baixas devido ao uso de táticas obsoletas e resistência ucraniana reforçada por drones — estimando-se entre 4.000 e 6.000 baixas em poucos meses, embora as informações não tenham sido confirmadas por Rússia ou Coreia do Norte.
A presença dessas tropas representou um marco significativo: foi a primeira vez que a Coreia do Norte reconheceu oficialmente sua intervenção militar em conflito estrangeiro desde a Guerra da Coreia, sinalizando uma estratégia de internacionalização de confrontos. Kiev afirmou que Moscou dependeu desse contingente para compensar sua carência de soldados, e as grandes perdas entre os norte-coreanos evidenciaram tanto a determinação quanto os limites de sua intervenção.
O envio antecipado de tropas norte-coreanas em 2024, seguido pela nova leva de pessoal técnico agora em 2025, demonstra uma escalada sistemática entre Pyongyang e Moscou. A crescente participação da Coreia do Norte na guerra da Ucrânia não apenas intensifica o conflito, mas também provoca repercussões geopolíticas em várias regiões, da Europa ao Pacífico, reforçando a importância de vigilância internacional sobre os próximos passos dessa aliança militar.
Fontes: AP, Wall Street Journal e Kyiv Independent