Comoção global: bebê iraniano entra em coma após agressão brutal em aeroporto russo

SAVIN, A. Saguão do Terminal B em sua forma atual – Aeroporto Internacional de Sheremetyevo, Moscou. Wikimedia Commons, 15 out. 2020.

Um ataque brutal ocorrido no Aeroporto Internacional de Sheremetyevo, em Moscou, na última terça-feira (24), gerou comoção internacional. Um bebê iraniano de 18 meses foi violentamente arremessado ao chão por um homem identificado como Vladimir Vitkov, de 31 anos, cidadão da Bielorrússia. A criança, que viajava com sua mãe grávida, ficou em estado grave e foi internada em coma, com fraturas no crânio e lesões na coluna. O incidente, captado por câmeras de segurança, ocorreu momentos após a família desembarcar de um voo proveniente do Irã. Segundo autoridades russas, a mãe estava pegando o carrinho do bebê na esteira de bagagens quando Vitkov se aproximou repentinamente, agarrou a criança em seus braços e a lançou violentamente ao chão, sem qualquer interação prévia ou provocação. A mãe da criança havia deixado o Irã poucos dias antes do ataque, fugindo de um cenário de crescente instabilidade e insegurança. O país vive uma escalada de tensões militares, com recentes bombardeios israelenses a instalações nucleares e o agravamento das relações com potências ocidentais. Em meio ao caos, milhares de civis — especialmente mulheres grávidas e crianças — têm deixado o território em busca de refúgio. A mulher, grávida e com o bebê nos braços, desembarcava em Moscou tentando escapar da violência iminente e da deterioração das condições de vida em seu país de origem. A criança agredida foi encaminhada imediatamente ao hospital, onde permanece em coma. Apesar do estado grave, médicos indicam que, até o momento, não há sinais de danos cerebrais permanentes. Segundo as autoridades russas, Vitkov havia retornado recentemente de uma viagem ao Egito e desembarcado em Moscou visivelmente alterado. Exames toxicológicos confirmaram a presença de cannabis e outras substâncias ilícitas em seu organismo, além de relatos de que teria consumido três garrafas de uísque e adquirido drogas antes do ataque. Ex-funcionário da construção civil, Vitkov foi demitido de um projeto de usina nuclear no exterior após reprovar em um exame toxicológico. Durante o interrogatório, ele confessou ter agido com a intenção de matar o bebê, sem oferecer qualquer justificativa coerente para o ato. A polícia investiga a possibilidade de motivação racista ou de distúrbios mentais, especialmente diante do fato de que o agressor tem uma filha da mesma idade da vítima. Ele foi preso em flagrante no local e responde por tentativa de homicídio qualificado. A defensora dos direitos da criança de Moscou, Olga Yaroshenko, classificou o agressor como um “monstro drogado‘ e exigiu punição exemplar. “Não podemos permitir que crimes de ódio ou atos de brutalidade covarde como esse fiquem impunes. Trata-se de um atentado contra a vida de um inocente e contra os valores humanitários básicos”, declarou. Organizações de direitos humanos no Irã e em outros países condenaram o ataque e cobraram maior proteção a refugiados e famílias em situação de vulnerabilidade em território russo. Diplomatas iranianos em Moscou também acompanham o caso de perto, mas até o momento não emitiram nota oficial. O ataque reacende o debate sobre segurança em aeroportos internacionais e o tratamento dispensado a refugiados e estrangeiros em trânsito, especialmente em contextos geopolíticos tensos. A investigação segue em andamento, enquanto Vladimir Vitkov permanece sob custódia preventiva à disposição da Justiça russa. A mãe da criança, ainda em estado de choque, acompanha de perto o quadro clínico do filho, que continua internado em coma e sob cuidados intensivos. O caso gerou repercussão global e a comunidade internacional observa com apreensão os desdobramentos jurídicos e humanitários dessa tragédia. Fonte: The Economic Times

Vietnã abole pena capital e bilionária corrupta é poupada

O parlamento do Vietnã ratificou nesta quarta-feira (25) alterações em seu código penal que dão fim à pena capital para uma série de crimes, entre eles enriquecimento ilícito, corrupção, fraude, espionagem, suborno e transporte de drogas. Com as mudanças, tais crimes passam a ter prisão perpétua como condenação máxima. As medidas, aprovadas por unanimidade pela Assembleia Nacional, têm como objetivo estimular a cooperação internacional de Hanói em suas iniciativas anti-corrupção. Em muitos casos, a previsão da pena impediu que outros países extradissem fugitivos vietnamitas. Luong Tam Quang, ministro da segurança pública do Vietnã, afirmou que “a estrutura da pena capital era problemática e, em alguns casos, incompatível com a evolução das condições socioeconômicas e da prevenção ao crime“. As novas regras passam a valer em 01 de julho deste ano, e todos os condenados aguardando execução terão suas penas automaticamente comutadas em prisão perpétua. O país não divulga dados oficiais de quantos presos estão nesta situação. Uma das principais beneficiárias da abolição será Truong My Lan, magnata do setor imobiliário. Condenada em 2024, Lan teria sido responsável por desviar mais de US$ 12 bilhões do Saigon Commercial Bank, lesando centenas de milhares de correntistas e provocando perdas superiores a US$ 27 bilhões. Lan foi condenada também a 30 anos de prisão em outro caso, envolvendo lavagem de dinheiro de aproximadamente US$ 12 bilhões. Organismos internacionais receberam as mudanças de forma comedida. A alteração é um “passo positivo, mas longe de suficiente“, ponderou Chiara Sangiorgio, assessora da Anistia Internacional. Lembrando que a previsão segue para 10 crimes, incluindo estupro e insurreição, ela concluiu dizendo esperar que a pena capital “seja abolida totalmente no Vietnã“. O Vietnã vem reduzindo gradativamente os crimes puníveis com execução, pena que já chegou a ser prevista no código penal local para 44 condutas. De forma a equilibrar as mudanças, a revisão aprovada na quarta-feira também aumentou as penas mínimas para diversos crimes ligados à corrupção, tráfico de drogas e meio ambiente. Fontes: New York Times, Al Jazeera, The Diplomat

Relatório da UE acusa Israel de possíveis violações de direitos humanos em Gaza

Em relatório a ser divulgado nesta semana, o Serviço Europeu para Ação Externa (SEAE), corpo diplomático da União Europeia, afirma que Israel pode ter violado obrigações de direitos humanos estabelecidas no Acordo de Associação UE-Israel. A análise foi uma exigência de diversos países-membros à Comissão Europeia, braço executivo do bloco, a fim de verificar possíveis repercussões do conflito em Gaza sobre os acordos firmados entre Bruxelas e Jerusalém. “Israel tem direito a se defender, mas o que estamos vendo em Gaza vai além da auto-defesa” e “enfraquece décadas de princípios humanitários“, disse Kaja Kallas, Alta Representante da União Europeia para Negócios Estrageiros e Política de Segurança, e principal diplomata do UE. O documento aponta uma “profunda falta de responsabilização e prestação de contas quanto a acusações de violação do direito internacional de ambos os lados“. Isso, segue o relatório, “levanta sérias dúvidas sobre a disposição e a capacidade das autoridades israelenses de conduzir investigações adequadas“. O ponto de vista europeu já tinha sido adiantado por António Costa. O presidente do Conselho Europeu afirmara, no início do mês, que “assistindo aos noticiários, não acho que seja difícil antecipar as conclusões a que o relatório chegará“. Israel não respondeu oficialmente, mas um funcionário comentou que o documento “demonstra a falta de coerência da UE em sua relação com Israel“. Organizações demandam suspensão do Acordo O Acordo de Associação UE-Israel foi firmado em 1996 e entrou em vigor em 2000. Seu objetivo é estreitar as relações econômicas e políticas entre o blobo, seus estados-membros, e o país asiático. Ele estabelece também uma área de livre comércio, com liberalização gradual da movimentação de serviços e capital entre as partes. Os resultados do relatório provocaram reações dentro e fora do bloco. Organizações internacionais como a Anistia Internacional e o Human Rights Watch (HRW) clamaram à UE pela suspensão do acordo com Israel. Para Claudio Francavilla, diretor em exercício da HRW na União Europeia, o bloco, como signatário da Convenção sobre Genocídio, tem a obrigação de “empregar todos os meios possíveis para fazer cessar as atrocidades israelenses“. “Nossa prioridade é mudar a situação em Gaza“, afirmou Kallas em coletiva de imprensa. “Caso as coisas não melhorem, aí sim poderemos tratar de novas medidas e retornar ao tema em julho“, concluiu, referindo-se ao próximo Conselho de Relações Exteriores da UE, a ser realizado no próximo mês. Países-membros, como Portugal, Finlândia e Espanha, têm feito pressão sobre a liderança do bloco para que tome atitudes concretas contra Israel, especialmente em relação ao comércio com territórios palestinos ocupados. A aplicação de sanções efetivas, no entanto, é vista como improvável, já que demandaria o voto unânime dos 27 membros. Fontes: Politico, Euronews, Human Rights Watch e Times of Israel

Com medo do fechamento do Estreito de Ormuz, governo antecipa aumento de etanol na gasolina

A partir do dia 01 de Agosto, o Etanol passará de 27 para 30% na gasolina e o diesel irá receber 1% a mais de biodiesel, se transformando em B15. O governo está comemorando essa decisão que teve o aval do CNPE, Conselho Nacional de Política Energética. A medida foi antecipada, devido aos temores das previsões sobre o possível bloqueio do estreito de Ormuz, ameaçado pelo Irã, contudo o mesmo não ocorreu. O Governo Federal alega que o aumento no teor de etanol foi testado e aprovado pelo Instituto Mauá de Tecnologia em coordenação com o Ministério de Minas e Energia, além de estar amparado pela “Lei Combustível do Futuro”. Enquanto o governo comemora, motoristas brasileiros estão apreensivos quanto às possíveis consequências dessa medida estatal. Quanto mais etanol na gasolina e biodiesel no diesel, maior o temor, tanto financeiramente, quanto para a vida útil do motor e demais peças, dos veículos em circulação.  Os testes realizados para esse aumento revelaram um dado preocupante, estamos muito próximos do limite possível de adição de álcool na gasolina, tanto para os automóveis quando para as motocicletas, com essas tendo resultados ainda mais alarmantes, pois apresentou plausíveis sinais de problemas em seu devido funcionamento. Há um limite técnico para essas adições, definido pela relação estequiométrica, que define quantas partes de ar para cada parte de combustível, mesmo que se ajuste a central eletrônica. Pois esse ajuste, não pode ocorrer indefinidamente. A própria CNT, Confederação Nacional do Transporte, emitiu alerta informando que os níveis elevados de biodiesel podem causar formação de borras nos tanques, motores e bicos injetores dos caminhões e ônibus, podendo ocasionar em comprometimento da potência e redução de sua vida útil, inclusive possíveis paradas desses veículos nas rodovias, ocasionando problemas de mobilidade no trânsito. Entidades e Instituições estão emitindo alertas, enquanto a população segue apreensiva com os resultados dessa medida. Mas nem tudo é tão temeroso que não possa piorar, as pretensões do governo, descritas na Lei do Combustível do Futuro, é de que o Etanol chegue ao patamar de 35% na gasolina e que o diesel possua 20% de biodiesel, até 2030. Fontes: CNT, Câmara dos Deputados, Autopapo, CNN e Gov.br

A tragédia anunciada que nós não queremos ver 

Juliana Marins morreu ao cair de um precipício em um vulcão ativo. Não foi a erupção que a matou, foi a queda — silenciosa, brutal — no meio de uma paisagem hostil, onde cada passo exige mais do que vontade: exige preparo, sorte e estrutura. E estrutura é o que faltava. Não por culpa de um único governo, mas porque ali, naquela geografia crua, o socorro nunca viria com rapidez. Subir um vulcão não é como atravessar a rua. E pedir resgate num lugar assim não é como ligar para o Samu e esperar sirenes em quinze minutos. A demora no salvamento, que tantos apontaram com indignação, é real — mas era também previsível. O local onde Juliana caiu exige dois dias de viagem até que se chegue. A Indonésia não tem uma base de resgate em cada cratera. Esperar que helicópteros apareçam num passe de mágica é confundir a lógica do turismo com a lógica da sobrevivência. Quando você decide caminhar na borda de um vulcão ativo, você assume — ou deveria assumir — que o mundo real não funciona como um roteiro de aventura com final feliz. É cruel, mas é verdade: estava tudo errado desde o começo. Não se trata de culpar a vítima. Não se trata de absolvê-la. Trata-se de olhar a realidade de frente — e essa é a especialidade que menos se pratica hoje. Subir um vulcão ativo, mesmo fora de erupção, em uma região remota, sob condições instáveis, é uma escolha que carrega em si o risco. Ninguém escala a borda de um abismo esperando que ele não exista. Culpar o governo brasileiro, culpar a Indonésia, culpar o tempo de resgate, culpar Deus — é tudo uma tentativa de dar sentido a algo que dói e incomoda. Sim, o socorro demorou. Sim, o país não tem estrutura. Mas essa estrutura precária já existia antes da viagem. A natureza do lugar não mudou de repente. Ela sempre foi inóspita. Vivemos tempos em que toda dor exige um culpado. E o que era para ser uma conversa sobre escolhas e limites se torna uma vitrine de indignações seletivas. O nome de Juliana foi arrastado para o centro de um debate que não é sobre ela — é sobre política, sobre Lula, sobre prioridades. Porque Lula usou um avião da FAB para buscar uma aliada condenada por corrupção, e não moveu o mesmo esforço para resgatar uma jovem caída no meio de um vulcão. Sim, isso está errado. Está profundamente errado. Mas isso não torna o Estado brasileiro responsável pelo translado de corpos de brasileiros mortos no exterior. Não há estrutura para isso — e, mais ainda, não deveria haver. Não por crueldade, mas por realidade. O governo não pode, nem deve, prometer onipresença. A vida moderna nos convenceu de que tudo é acessível, tudo é seguro, tudo tem solução em tempo real. Mas essa é uma ilusão, cara. O SAMU não atende no Himalaia. O 192 não chega em uma ilha do Pacífico. E o botão de pânico das redes sociais não aciona helicópteros. Quando se escolhe o risco, o risco real, é preciso ter consciência de que as consequências também serão reais. Turismo de aventura é, por definição, aventura. E aventura é incerteza. Escalar, atravessar, desafiar — tudo isso pode parecer poético no feed, mas tem um custo. Escorregar num precipício, perder o caminho, sofrer um acidente — isso não é azar, é possibilidade. E quando isso acontece a 2 mil metros de altura, no coração de um vulcão ativo, a ajuda virá — se vier — tarde demais. A morte de Juliana é profundamente triste. Mas tristeza não pode ser argumento para negar os fatos. Não se morre impunemente no meio da natureza selvagem. A selva, o gelo, a lava, o abismo — todos são soberanos. E o ser humano, por mais que se sinta eterno, ainda é só carne. Carne frágil. Desde sempre, desafiamos os limites da vida. Entramos em cavernas, subimos montanhas, mergulhamos nas fossas mais profundas do oceano. É nosso instinto. Há algo de belo nisso, sim. Mas há algo de perigoso também. O que não se pode fazer é ignorar que, às vezes, a morte responde. Juliana Marins não morreu por um erro único. Foi uma soma de fatores. Foi a decisão de escalar. Foi o terreno difícil. Foi a queda. Foi a demora. Foi tudo isso. E, ainda assim, transformar essa tragédia numa pauta para atacar ou defender políticos é diminuir a morte dela a uma utilidade qualquer. O turismo radical em locais extremos virou moda. Um fetiche moderno. Queremos encontrar sentido na beira do abismo. Testar os próprios limites. Registrar a superação. Mas a verdade é que, às vezes, não se volta. Às vezes, o abismo não perdoa. E isso não é culpa de ninguém. Ou é culpa de todos. O luto dos que ficaram é legítimo. A indignação, também. Mas o que se espera da morte de alguém como Juliana não é um culpado — é um espelho. Para que se veja, com clareza brutal, que liberdade inclui o direito de escolher. E que escolher o risco é escolher também a possibilidade de não voltar. Não foi só azar, nem apenas fatalidade — tropeçar e cair é fatalidade, sim, mas acontece especialmente quando se está no precipício de um vulcão ativo. Juliana fez uma escolha arriscada, e foi nessa combinação de decisão e circunstância que o fatal se concretizou. O que fica depois do silêncio e das manchetes não é um mistério existencial, mas uma constatação simples e dura: certas decisões colocam você num lugar onde o erro pode ser fatal. E nenhuma narrativa vai amenizar essa verdade. Juliana Moreira Leite é escritora e jornalista, autora do livro Eu Não Pedi por Nada Disso. Com uma escrita afiada e direta, aborda política, cultura, sociedade, atualidades e fala a verdade que ninguém ousa dizer. É cronista e colunista engajada, conectada com seu público pelo Instagram @juliemilk e pelo canal Chuchu com Caviar no YouTube

Oficial chavista pode expor elo entre o narcotráfico e governos de esquerda na América Latina e Europa

O ex-diretor de inteligência militar da Venezuela, Major-Brigadeiro Hugo Armando Carvajal Barrios, conhecido como “El Pollo“, declarou-se culpado nesta quarta-feira (25), em tribunal federal de Manhattan, por quatro acusações criminais, incluindo conspiração para importar cocaína e narcoterrorismo. A confissão ocorreu uma semana antes do início previsto do seu julgamento nos Estados Unidos e poderá resultar em prisão perpétua. Carvajal, de 65 anos, era um dos oficiais mais influentes durante os governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro. Ele liderou a Inteligência Militar (DIM) entre 2004 e 2011 e novamente em 2013, antes de colaborar com o regime chavista desde dentro das Forças Armadas. Sua trajetória incluiu um papel no levantamento militar de 1992, que lançou Chávez ao estrelato. Em declarações feitas em 2021, logo após ser preso na Espanha, Carvajal afirmou que os governos de Chávez e Maduro financiaram outros governos de esquerda na América Latina e Europa. Entre os países que receberam esse dinheiro, estariam o Brasil, através de Lula e PT, Bolívia com Evo Morales, e Argentina, com Nestor Kirchner. Segundo Carvajal, os envios de dinheiro teriam acontecido pelo menos durante 15 anos. O governo dos EUA acusa Carvajal de chefiar, em conjunto com altos oficiais venezuelanos, o chamado Cartel de los Soles — ramificação do narcotráfico na cúpula militar, criada para inundar o mercado estadunidense com cocaína produzida em parceria com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Em 2006, ele estaria envolvido em um carregamento de 5,6 toneladas de cocaína para o México; em 2011, coordenou, segundo a Justiça, 5.600 kg em um jato DC‑9 — remessas que incluíam milhões de dólares em propinas. Segundo o Departamento de Justiça e a DEA, a aliança com as FARC incluiu fornecimento de armas, logística e proteção armada para garantir o transporte das drogas. O procurador Jay Clayton destacou:”Carvajal e outros oficiais usaram cocaína como arma para prejudicar os EUA“, e a DEA complementou que ele “explorou seu cargo e abandonou sua responsabilidade para prejudicar os estadunidenses”. Carvajal foi preso pela primeira vez em 2019, em Aruba, mas escapou alegando imunidade diplomática venezuelana. Em 2021, foi capturado em um apartamento em Madri, Espanha, e extraditado aos Estados Unidos em julho de 2023, após vencida a resistência judicial. Agora, diante da confissão, pode ser condenado a pelo menos 50 anos de prisão, ou mesmo prisão perpétua. O acordo de confissão não inclui uma negociação de pena antecipada, mas especialistas avaliam que Carvajal pode estar negociando cooperação futura. Ele é visto como fonte valiosa para expor redes globais de narcoterrorismo, espionagem e lavagem de dinheiro, envolvendo grupos como Tren de Aragua e governos aliados a Nicolás Maduro, incluindo Cuba, Rússia, China e Irã. Hugo Carvajal também se tornou um opositor do governo Maduro ao se declarar a favor de Juan Guaidó, líder reconhecido por Washington como presidente interino durante a crise de 2019. Em um comunicado gravado, ele conclamou as Forças Armadas venezuelanas à rebelião, ato que provocou retaliações oficiais e motivou sua fuga à Espanha. A data da sentença está marcada para 29 de outubro de 2025. Advogados de Carvajal, como Robert Feitel, argumentam que os EUA perderam oportunidade ao não buscar cooperação antes da acusação formal. Eles defendem que sua informação pode ser tão útil para a segurança nacional quanto prejudicial em sua postura criminal. O caso de Carvajal exemplifica o fenômeno do narcoterrorismo estatal na Venezuela, com redes organizadas sob o poder político e militar, direcionadas externamente e protegidas internamente, tema de alertas anteriores que apontam o país como uma ameaça transnacional crescente. Aos olhos do governo dos EUA, punir Carvajal reforça o compromisso em responsabilizar oficiais estrangeiros que usam o poder estatal para devastar comunidades com drogas. Para analistas, a confissão abre janela para investigações sobre a extensão do narcotráfico militar venezuelano, mais do Cartel de los Soles e suas conexões, um ponto de inflexão no combate ao narcoterrorismo na América Latina. Fontes: Reuters, AP e United States Attorney’s Office

Cúpula dos BRICS esvaziada: Putin e Xi decidem não vir ao Brasil de Lula

Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, não estarão presentes pessoalmente na 17ª cúpula do BRICS, agendada para os dias 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro, segundo comunicados oficiais e fontes internacionais. Um assessor do Kremlin, Yuri Ushakov, confirmou que Putin permanecerá na Rússia devido a uma ordem de prisão expedida pela Corte Penal Internacional (CPI) em 2023, por supostos crimes de guerra envolvendo deportação de crianças ucranianas. Como o Brasil é signatário do Estatuto de Roma, que rege a CPI, não poderia garantir imunidade ao presidente russo. Assim, Putin participará remotamente por videoconferência, enquanto o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, representará a Rússia presencialmente. Essa não é a primeira vez que Putin evita uma cúpula do BRICS em países signatários da CPI. Em 2023, ele também não compareceu ao encontro em Joanesburgo, travado por questões similares. Do lado chinês, a ausência de Xi Jinping pode marcar sua primeira ausência em uma cúpula do BRICS em mais de doze anos. Fontes indicam que Xi não participará por motivos de agenda interna, sendo substituído pelo Premier Li Qiang. Essa decisão pode refletir também tensões diplomáticas entre Pequim e Brasília, sobretudo após o Brasil recusar participar da Iniciativa do Cinturão e Rota da China, proposta considerada central por Xi . A ausência dos dois líderes, pilares do grupo ao lado da Índia, Brasil e África do Sul, representa um importante desgaste para o evento. A participação virtual de Putin destaca o peso da ordem judicial internacional sobre o cenário político global, enquanto a ausência de Xi pode prejudicar a coesão diplomática do bloco . Mesmo assim, o encontro em Brasília deverá reunir líderes da Argélia, Egito, Etiópia, Irã, Indonésia e Emirados Árabes como novos membros do grupo, além de observadores como Colômbia, México e Uruguai. A diplomacia brasileira, representada pelo presidente Lula, enfrenta o desafio de garantir a legitimidade e relevância da cúpula sem os principais chefes de Estado. Segundo um conselheiro do Itamaraty, o governo apostará em agenda econômica com foco em infraestrutura, cooperação Sul-Sul e fortalecimento de um sistema financeiro alternativo ao ocidental, conforme discurso recente de Celso Amorim. Analistas destacam que as ausências podem enfraquecer as iniciativas multilaterais do bloco, como o recém-lançado “sistema de pagamentos BRICS Bridge” liderado pela Rússia, que enfrenta resistência diplomática e técnica. Além disso, a falta de Xi pode prejudicar acordos bilaterais, como investimentos em infraestrutura e alinhamento estratégico entre China e Brasil. Por outro lado, a Índia confirmou a presença de Narendra Modi, o que deve manter a relevância do fórum. Modificações na diplomacia do BRICS também refletem as rixas entre os membros: o Brasil, por exemplo, vetou a entrada da Venezuela em 2024 e, por ora, busca manter o grupo enxuto e pragmático. O fato marca um ponto de reflexão para o futuro dos BRICS: enquanto cresce o desafio de consolidar a expansão com novos membros, os protagonistas históricos adotam posturas mais cautelosas. Com a China e a Rússia ausentes, o compromisso real do bloco será testado: será a cúpula no Rio apenas protocolar ou resultará em avanços concretos? Fontes: India Today, The New Voice of Ukraine, India Today

Novo front russo na Ucrânia: 65 mil soldados posicionados ao longo da fronteira de Sumy

A ofensiva russa avança mais profundamente na região de Sumy, no nordeste da Ucrânia, transformando o que antes era uma zona tampão em uma linha de frente ativa, segundo análises da mídia e do monitoramento militar. Desde janeiro de 2025, tropas russas cruzaram a fronteira em pequenos grupos móveis — muitas vezes em ATVs ou motocicletas — rumo às vilas de Basivka, Novenke, Zhuravka e outras comunidades fronteiriças. O controle russo agora abrange cerca de 100 km² na região, enquanto as forças ucranianas mantêm resistência firme, especialmente em setores estratégicos como Loknyá, Kindrativka e Yunakivka. O presidente Vladimir Putin sinalizou que esse avanço visa criar uma “zona de buffer” a leste de Kursk, protegendo território russo e minando a capacidade ofensiva ucraniana a partir da linha de frente de Sumy. No Fórum Econômico de São Petersburgo, Putin declarou que “toda a Ucrânia é nossa” e indicou a possibilidade de avançar até a cidade de Sumy, embora a captura direta ainda não tenha sido confirmada. As ações russas têm sido metódicas e cumulativas. Em fevereiro, a vila de Basivka foi tomada, seguida por Novenke em março e Kindrativka em junho — todas confirmadas por imagens geolocalizadas e confirmação das autoridades locais. O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW) relata que cerca de 62 000 a 65 000 soldados russos, incluindo a 76ª Divisão de Paraquedistas e unidades de Spetsnaz, estão posicionados ao longo da fronteira de Sumy. A resposta ucraniana tem sido combativa. O presidente Volodymyr Zelensky alertou que “mais de 50 000 tropas russas estão mobilizadas” e destacou ações ativas de defesa e contra-ataque, como a captura de prisioneiros perto de Tyotkino, na fronteira com Kursk. Tropas ucranianas utilizam drones, fortificações e artilharia para conter avanços e proteger áreas urbanas, incluindo a cidade de Sumy, onde abrigos antiaéreos foram instalados e parte da população considerou evacuar após ataques de foguetes que deixaram mortos e feridos. Enquanto os combates prosseguem, Moscou intensifica o uso de drones conectados por fibra óptica, capazes de operar nas proximidades de Sumy e Donetsk — um avanço tecnológico destacado como crucial para a ofensiva de maio, a maior desde novembro de 2024. Autoridades locais confirmaram que as forças russas agora controlam um grupo de quatro vilas — Novenke, Basivka, Veselivka e Zhuravka — com combates ainda no entorno de Kindrativka, Vodolaha e Volodymyrivka. A região está sob intensas operações combinadas: artilharia, ataques aéreos, drones e operações terrestres, causando deslocamentos de civis e destruição de infraestrutura. Analistas da OTAN, no entanto, avaliam que, apesar do avanço, não há evidências de preparação para uma ofensiva em larga escala contra a cidade de Sumy, simulando que o objetivo principal continua sendo a consolidação de uma zona tampão. O monitoramento aliado também aponta que a destruição de pontes russas dificultou a capacidade logística de Moscou, retardando possíveis avanços maiores. O comandante local da 117ª Brigada ucraniana, identificado pelo apelido “Beaver“, relata que, apesar dos ataques constantes, as defesas resistem e alertou para a necessidade de preparação permanente contra novas incursões, sobretudo com o uso de drones e guerra eletrônica. No plano humanitário, milhares de civis foram deslocados, especialmente após o bombardeio em abril no centro da cidade, que matou quatro pessoas e feriu outras trinta. As autoridades ucranianas reforçam a urgência de apoio internacional para socorro e resiliência local. Em suma, o que começou como uma zona neutra ao longo da fronteira evoluiu rapidamente para a abertura de um novo front prioritário para Moscou. A pesquisa sugere que o intuito estratégico de Putin é fragilizar as defesas ucranianas e forçar Kiev a redistribuir tropas para o norte, impactando seu esforço de recuperação territorial, especialmente após as ofensivas no sul e leste da Ucrânia. As próximas semanas serão decisivas para saber até onde os russos conseguirão avançar sem deflagrar uma ofensiva em larga escala. No entanto, a criação dessa zona tampão já redefine a geografia militar do conflito, trazendo implicações diretas para a segurança regional e os esforços diplomáticos em curso. Fontes: Kyiv Independent, Reuters, The New Voice of Ukraine

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