Argentina cresce em ritmo chinês e com inflação em queda

País cresce 5.8% em 12 meses e a inflação de maio é a menor dos últimos 5 anos No primeiro trimestre de 2025, a Argentina cresceu 5,8%, comparado ao mesmo período de 2024. O ritmo de expansão do PIB é superior ao apresentado pela China, que cresceu 5,4% no mesmo período. Dentre as principais contribuições para o resultado, os investimentos em capital fixo saltaram 31,8% na Argentina, enquanto o consumo privado aumentou 11,6%. O significativo aumento nos investimentos é particularmente bem-vindo, já que indica confiança na economia e ancora o crescimento futuro. Comparando apenas com o trimestre anterior, o avanço da economia foi de 0,8%, segundo o Instituto Nacional de Estadística y Censos (Indec) argentino. Para o economista Federico González Rouco, da consultoria Empiria, isso representa uma desaceleração frente ao ritmo de crescimento do ano passado, mas ele salienta que o consumo aumentou 2,9% e a formação bruta de capital fixo (investimentos) aumentou 9,8% na mesma base de comparação ante o último trimestre de 2024, sendo dados positivos. As trocas comerciais também cresceram em ritmo forte na taxa anualizada, mas as exportações (7,2%) aumentaram bem menos do que as importações (42,8%), o que reduz a balança comercial e gera preocupação quanto aos superávits que vêm sendo mantidos pelo presidente Javier Milei. O mandatário conseguiu reverter o déficit de 4,4% do PIB deixado por seu antecessor em 2023, para um superávit de 1,8% do PIB em 2024. Nos cinco primeiros meses deste ano, o superávit está em 0,8%, menor do que o visto no ano passado. E Milei solicitou que todos os ministérios de seu governo intensifiquem os cortes de gastos, para que o ajuste fiscal permita um superávit de 1,6% do PIB até o final do ano. O presidente argentino foi eleito em 2023 usando uma motosserra como símbolo de campanha e tem implementado duros cortes desde então, além de reformas. Sua política econômica levou a uma acentuada queda da inflação, que marcou 1,5% em maio, o menor valor para os últimos cinco anos. No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação está em 43,5%, após atingir 117,8% em 2024 e 211,4% em 2023, ano no qual se encerrou o governo do peronista Alberto Fernández e quando a Argentina teve a maior inflação do mundo. Fontes: La Nación, Euronews, CNN Español, CNN Brasil, UOL,

Pentágono admite: bombardeios atrasaram, mas não destroem programa nuclear iraniano

Um relatório preliminar da Defense Intelligence Agency (DIA), braço de inteligência do Pentágono, revela que os ataques americanos às instalações nucleares iranianas — Fordow, Natanz e Isfahan — não conseguiram eliminar o programa atômico de Teerã. Segundo a avaliação, os bombardeios atrasaram o cronograma nuclear do Irã apenas por alguns meses, diferentemente das afirmações oficiais de completa destruição, como dito por Trump, JD Vance e Pete Hegseth. De acordo com fontes familiarizadas com o relatório confidencial, o Irã foi capaz de remover estoques de urânio altamente enriquecido antes dos ataques. Além disso, as centrífugas em Natanz e Isfahan permanecem “em grande parte intactas”. Em Fordow, apenas as entradas foram comprometidas, sem danos significativos às estruturas subterrâneas. O documento indica que as operações militares atrasaram parcialmente o programa, mas deixam intacta a capacidade técnica de retomada após algumas semanas de recuperação. O impacto da bomba especializada GBU‑57 Massive Ordnance Penetrator, usada pelos bombardeiros B‑2, parece ter sido limitado. Apesar de terem atingido instalações profundas, a espessa estrutura de concreto reforçado sobre Fordow pode ter reduzido a eficácia das armas anti-bunker. A Casa Branca rejeitou veementemente as conclusões do DIA, classificando o vazamento como “completamente errado” e motivado por interesses políticos. A secretária de imprensa Karoline Leavitt afirmou que as bombas detonadas “arrasaram completamente” os locais iranianos, desqualificando a avaliação como um “ataque infundado” contra pilotos e a missão militar. O presidente Donald Trump e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reafirmaram a narrativa de sucesso total. Trump afirmou que os alvos haviam sido completamente destruídos e que o Irã jamais se recuperaria. Netanyahu, por sua vez, definiu a operação como uma vitória histórica e reforçou que o programa nuclear iraniano foi neutralizado por enquanto. A situação gerou tensão política. Uma audiência no Congresso, prevista para ontem, foi adiada, alimentando especulações de que o governo buscava evitar explicações embaraçosas. O senador Chuck Schumer e o deputado Hakeem Jeffries exigiram transparência, cobrando informações detalhadas sobre os danos reais, citando o atraso como possível desculpa para encobrir falhas. Especialistas em não proliferação atômica destacam que ataques aéreos isolados dificilmente são suficientes para desmantelar um programa nuclear espalhado por múltiplas instalações. A agência internacional IAEA já estimou haver cerca de 30 pontos de enriquecimento no Irã, incluindo um novo complexo subterrâneo em construção próximo a Natanz, fora do alcance dos bombardeios. Esse cenário coloca em xeque a estratégia militar adotada. Enquanto os EUA proclamam vitória absoluta, os analistas apontam que o país perdeu, no máximo, alguns meses no desenvolvimento nuclear iraniano. A necessidade de operação terrestre, com custos altos e riscos elevados, se torna evidente caso a meta seja eliminar toda a infraestrutura. O governo iraniano declarou que retomará o enriquecimento de urânio sem interrupção e que construirá novas instalações subterrâneas. No domingo, parlamentares iranianos aprovaram fechar o Estreito de Ormuz caso mais ataques sejam feitos, movimento que pode impactar significativamente o mercado global de energia. A conclusão inicial do relatório do DIA deverá provocar debates intensos no Congresso norte-americano sobre autorização e a veracidade das informações divulgadas na mídia. Enquanto isso, o DIA continua analisando outras fontes de inteligência, e o cenário permanece volátil. A escalada diplomática e militar segue sob os holofotes, com futuras estratégias de contenção ou confronto nas mãos da Casa Branca e aliados. Fontes: CNN e Washington Post

Alemanha anuncia salto histórico nos gastos de defesa e infraestrutura para frear ameaça russa

A Alemanha anunciou nesta terça-feira (24) um orçamento robusto — de €115,7 bilhões em investimentos para 2025, com previsão de alcançar €123,6 bilhões em 2026 — destinado a impulsionar a economia e reforçar a defesa nacional. O plano, aprovado pelo gabinete do chanceler Friedrich Merz e anunciado pelo ministro das Finanças Lars Klingbeil, representa uma guinada estratégica após dois anos de estagnação econômica. O aspecto mais notável do orçamento é a elevação dos gastos militares para 3,5 % do Produto Interno Bruto até 2029, acelerando impulsos históricos no Arsenal da República. O orçamento militar passará de €95 bilhões em 2025 para cerca de €153 bilhões em 2029. A iniciativa busca cumprir futuras metas da OTAN, que planeja elevar o patamar mínimo de compensações militares para cerca de 5 % do PIB (3,5 % em Defesa convencional e 1,5 % em infraestrutura de uso civil e segurança cibernética). Klingbeil defendeu a mudança como “uma virada de paradigma” — equivalente a assumir responsabilidade frente à deterioração global de segurança e pressão por parte dos EUA e da OTAN. Ele ressaltou que os recursos serão aplicados com rigor, priorizando eficiência e cooperação na aquisição de equipamentos junto a parceiros europeus. Esse salto substancial só foi possível graças à flexibilização da “frenagem do endividamento” alemã, regra constitucional que previamente limitava o déficit público. A mudança, aprovada em março, permite empréstimos expressivos para despesas militares acima de 1% do PIB e para um fundo de €500 bilhões destinado à infraestrutura. O endividamento adicional programado entre 2025 e 2029 chega a €847 bilhões — o que reflete a ampliação decisiva do escopo fiscal do Estado. A previsão é de que os juros decorrentes desses créditos avancem significativamente nos próximos anos, alcançando impacto fiscal expressivo, embora a equipe econômica confie que o investimento gerará retorno sustentável. A decisão não se limita ao rearmamento. Um fundo de €500 bilhões em infraestrutura será empregado ao longo de 12 anos, voltado à modernização de rodovias, ferrovias, pontes, redes de energia e tecnologia — inclusive para proteção contra ameaças digitais. A medida tem como meta estimular o crescimento econômico, corrigir deficiências históricas e preparar o país para cenários de crise. Na arena geopolítica, o direcionamento da Defesa também atende à urgência trazida pela guerra na Ucrânia e à instabilidade causada pela Rússia, bem como à crescente pressão dos EUA por parte do presidente Donald Trump, que pressiona os aliados da OTAN a concentrarem 5 % do PIB em gastos militares. O pacote foi apresentado justamente antes da reunião da OTAN em Haia, onde líderes devem apoiar oficialmente a meta de 5% do PIB em defesa. A proposta pretende assegurar que os Estados Unidos não cancelem o apoio à articulação transatlântica, enquanto enfrentam custos geopolíticos, desde a guerra na Ucrânia até possíveis choques com o Irã. O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, enfatizou a necessidade de ação e saudou o empenho alemão. A Espanha abriu exceção, não se comprometendo com a meta, mas a maioria das nações se compromete a seguir a proposta. Apesar do otimismo oficial, analistas apontam riscos: o uso maciço de crédito público pode elevar juros, agravar a dívida e reduzir espaço para políticas sociais e fiscais futuras. Além disso, a manutenção de crescimento após o impulso dependerá de reformas mais profundas, como estímulo à indústria, vantagem fiscal e aprimoramento institucional. Para o economista Salomon Fiedler, do Berenberg Bank, investimentos e reformas devem ocorrer em paralelo: “Se não houver reformas significativas, a economia pode cair novamente depois do impulso“. Com este orçamento ambicioso, a Alemanha tenta corrigir décadas de subinvestimento e responder a uma conjuntura internacional volátil. Resta ver se a estratégia será bem executada — e se os custos de endividamento não comprometerão o crescimento a longo prazo. Fontes: New York Times, Politico, Reuters

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