Presidente afirmou em entrevista que o governo não pode ceder toda hora: “O IOF do Haddad não tem nada demais”

Em entrevista ao podcast Mano a Mano, do rapper Mano Brown, o presidente Lula voltou a defender a alta do imposto IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e pediu que o governo brigasse para que a medida fosse aprovada. Essa medida criou mais uma tensão entre o governo e a câmara dos deputados. Segundo o presidente Lula, o governo quer fazer justiça tributária e que as pessoas que ganham mais, paguem mais. Aquelas que ganham menos, paguem menos. Na entrevista, o presidente ainda afirmou: “O IOF do Haddad não tem nada demais. O Haddad quer que as bets paguem imposto de renda, que as fatecs paguem imposto de renda, que os bancos paguem imposto de renda. Não é imposto de renda, é pagar um pouquinho só, pra gente poder fazer a compensação. Porque toda vez que a gente vai ultrapassar o arcabouço fiscal, a gente tem que cortar do orçamento”.  Apesar dos esforços do presidente e seus aliados, a câmara dos deputados votou na última segunda-feira (16), a urgência para derrubar a alta do IOF. A insatisfação dos parlamentares com o aumento de mais um imposto foi um dos motivos que levou a casa a votar para a derrubada do decreto.  Imagem: Podcast Mano a Mano Fonte:Agência Brasil

Enchentes no Rio Grande do Sul: próximos dias ainda preocupam

Pouco mais de um ano depois das grandes enchentes de 2024, o Rio Grande do Sul revive o pesadelo. Já são 3 mortos, 1 desaparecido e ao menos 6.016 pessoas estão desalojadas ou desabrigadas em função dos eventos deste ano. Ao todo, 98 municípios foram afetados, segundo a Secretaria de Comunicação do estado. A ponte de ligação entre os municípios de Caxias do Sul e Nova Petrópolis foi comprometida, parte da estrutura cedeu com a força do Rio Caí. E seis municípios da região do Vale do Taquari tiveram que acionar seus planos de contingência por conta da elevação do rio Taquari. São eles: Bom Retiro do Sul, Taquari, Cruzeiro do Sul, Arroio do Meio, Estrela e Lajeado. Na capital Porto Alegre, o nível do lago Guaíba atingiu 2,2 metros e as águas começam a alagar as primeiras casas das ilhas de Porto Alegre, no bairro Arquipélago. Há setores com ruas intransitáveis e transporte público suspenso. A situação deve se agravar conforme a vazão do rio Jacuí aumente, carregando a água das chuvas que caíram nas áreas central e nordeste do estado. Os citados municípios que acionaram seus planos de contingência, por exemplo, ficam no vale do rio Taquari, que desagua no rio Jacuí, cujas águas chegam ao lago Guaíba em Porto Alegre. Dessa forma, a Defesa Civil gaúcha manteve o alerta para as regiões norte e nordeste do estado. O solo já encharcado aumenta o risco de alagamentos, deslizamentos de terra e quedas de árvore. As áreas de encosta e próximas aos rios são especialmente vulneráveis e devem ser evitadas. Ainda são esperadas chuvas na região da Grande Porto Alegre, mas, de uma forma geral, as condições climáticas melhoram em todo o estado ao longo do fim de semana. As chuvas se deslocam em direção ao norte, para Santa Catarina e para o Paraná. Essa melhora deve-se à chegada da terceira frente fria do ano e a primeira deste inverno, o que deixa o tempo mais seco, mas derruba as temperaturas no centro-sul do Brasil. O frio intenso é mais um evento climático de atenção, principalmente para as pessoas afetadas pelas enchentes. Existe até a previsão de neve e geada nas serras gaúcha e catarinense. Imagem: Alexandre Pessoa/Agência Brasil Fontes: Agência Brasil, Terra, Secretaria de Comunicação do RS

Facções na mira: pressão dos EUA acirra debate sobre segurança pública no Brasil

A segurança pública brasileira entrou no centro de uma disputa geopolítica e legislativa recente. Segundo a Reuters, em reunião no Itamaraty, no início de maio, o Departamento de Estado dos Estados Unidos, chefiado por David Gamble, pediu que o Brasil classifique o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) como grupos terroristas. Segundo o Departamento de Estado, as facções já operam em ao menos 12 Estados norte-americanos, o que justificaria o uso da Lei Antiterrorismo brasileira (13.260/2016) para permitir sanções financeiras, bloqueio de ativos e cooperação direta com o FBI e a DEA. O governo brasileiro, no entanto, resiste à proposta. Para o Ministério da Justiça, facções como PCC e CV têm motivações puramente financeiras, sem viés político, religioso ou ideológico — critérios exigidos pela legislação atual. O Itamaraty também teme que a mudança crie precedentes de ingerência externa em assuntos de segurança nacional. Apesar da hesitação do Executivo, o Congresso avança. A Câmara dos Deputados aprovou em maio regime de urgência para o PL 1283/2025, de autoria do deputado Danilo Forte (União-CE), que propõe ampliar a definição de terrorismo a grupos que usam violência para controlar territórios e gerar pânico social. Parlamentares de oposição, como Nikolas Ferreira (PL-MG), defendem que a mudança permitirá maior integração com agências internacionais e acesso a tecnologias avançadas de rastreamento, protocolos de contraterrorismo e bases de dados globais. Já a base governista teme impactos sobre movimentos sociais e direitos constitucionais. O rastro de violência Levantamentos recentes reforçam a urgência do debate. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou que o Comando Vermelho já domina 130 municípios na Amazônia Legal, enquanto o PCC atua em 28. Essa expansão territorial está ligada ao aumento da violência, garimpo ilegal e enfraquecimento do poder do Estado. Estados onde as facções disputam território registraram aumento de até 46% nos homicídios. Soberania em questão — ou oportunidade? Para o Itamaraty, rotular as facções como grupos terroristas pode criar precedente de ingerência externa em segurança pública. Defensores da mudança, contudo, enxergam três ganhos imediatos: Próximos passos Esses especialistas lembram que a cooperação continuaria sob comando brasileiro, reforçando — não reduzindo — a soberania nacional. A decisão sobre rotular ou não as facções como terroristas expõe um dilema central: preservar a soberania nacional ou intensificar a luta contra o crime com apoio externo. O Congresso tem agora a responsabilidade de encontrar um equilíbrio entre eficácia e garantias democráticas — e decidir se o Brasil dará um passo simbólico ou estratégico na guerra contra o crime organizado.

Patrulha britânica reacende tensões no Estreito de Taiwan e irrita Pequim

Na quarta-feira (18), o navio de guerra britânico HMS Spey realizou uma patrulha no Estreito de Taiwan, a primeira missão desse tipo pela Marinha Real Britânica em quatro anos. Segundo o governo britânico, a operação foi planejada com antecedência e está em conformidade com o direito internacional. A patrulha coincide com a chegada de um grupo de ataque com porta-aviões britânico à região, como parte de uma missão prolongada no Indo-Pacífico. A China reagiu com duras críticas, acusando o Reino Unido de “exagerar publicamente” a operação e de distorcer princípios legais sob o pretexto de liberdade de navegação. Para Pequim, a travessia do Spey representa uma provocação deliberada que ameaça a estabilidade do Estreito de Taiwan. O Exército de Libertação Popular afirmou ter monitorado a embarcação durante toda a missão e prometeu reagir firmemente a futuras “ameaças e provocações”. Já Taiwan, que é autogovernado mas reivindicado por Pequim, elogiou a presença britânica como uma defesa da liberdade de navegação. O atual presidente taiwanês, Lai Ching-te, tem adotado uma postura firme contra a China, classificando o regime chinês como uma “força hostil estrangeira” e ampliando políticas de contenção à influência de Pequim na ilha. A movimentação britânica fortalece a presença ocidental no Indo-Pacífico, uma região de crescente rivalidade estratégica. O HMS Spey é um dos dois navios de guerra britânicos posicionados permanentemente na área, sinalizando o compromisso do Reino Unido com a segurança e a ordem marítima internacional — mesmo sob o olhar atento e crítico da China. Fonte: www.lbc.co.uk

A Inteligência Artificial está hackeando suas contas

Uma pesquisa realizada pela Barracuda em parceria com as universidades de Columbia e Chicago revelou que, em abril de 2025, mais da metade (51%) dos e-mails de spam enviados globalmente foram criados com o uso de Inteligência Artificial (IA). O estudo mostra como a IA tem sido cada vez mais empregada por cibercriminosos, especialmente em ataques de phishing e comprometimento de e-mails comerciais — sendo que 14% desses ataques já foram gerados por IA. Essa tendência levanta sérias preocupações na área de segurança cibernética. A IA permite que os e-mails maliciosos sejam escritos com maior correção gramatical, clareza e adaptação linguística, o que os torna mais convincentes e difíceis de identificar como fraudes. ]Segundo o pesquisador Wei Hao, da Universidade de Columbia, os cibercriminosos estão usando a IA principalmente para refinar a linguagem dos ataques, sem necessariamente alterar suas táticas, como o uso de mensagens que criam um senso de urgência. Com a IA sendo utilizada para tornar os golpes mais sofisticados e eficazes, os especialistas alertam que o cenário pode se tornar rapidamente insustentável se medidas preventivas não forem adotadas. O que a pesquisa também descobriu foi que os e-mails gerados por IA não diferiam significativamente dos e-mails de ataque gerados por humanos, pelo menos não em termos de gerar um senso de urgência. Parece que a IA, como os invasores humanos, reconhece a eficácia desse método em persuadir um destinatário a agir e se tornar uma vítima. “A urgência é uma tática deliberada comumente usada para exercer pressão e provocar uma resposta impensada do destinatário”, disse Hao, que sugeriu que “os invasores estão usando principalmente a IA para refinar seus e-mails e possivelmente seu inglês, em vez de mudar as táticas de seus ataques”. Fonte: www.forbes.com

CPMI do INSS: centrão deve ficar com a relatoria

Hugo Motta

Após ser criada a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), inicia a disputa pela sua composição. A oposição não deve conseguir a relatoria, mesmo após liderar o requerimento que resultou na criação, com as assinaturas de 223 deputados e 36 senadores. Tampouco, o governo terá força no processo e a esquerda deve ser minoria na CPMI, após ter atuado justamente para que não fosse instaurada. A solução ensaiada pelo presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), é a de dar a relatoria para um deputado de centro, como forma de não desagradar oposição e nem governo. Dentre os cotados, estão os deputados Elmar Nascimento (União-BA) e Omar Aziz (PSD-AM), também tendo sido lembrado o nome de Mendonça Filho (União-PE). A saída evitaria uma grande instrumentalização política da CPMI, que apurará o esquema de descontos ilegais em benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), apontado por investigações da Polícia Federal e da CGU (Controladoria-Geral da União). Segundo as investigações, os desvios ocorreram entre 2019 e 2025, tendo disparado a partir de 2023, e chegam a R$6,3 bilhões somente até o ano passado. A CPMI foi criada pelo presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (União-AP) na terça-feira (17). O requerimento de criação foi apresentado pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e pela deputada federal Coronel Fernanda (PL-MT). O grupo da comissão será formado por 15 deputados e 15 senadores titulares, com o mesmo número de suplentes. Na próxima semana, os técnicos do Congresso Nacional enviarão o cálculo de proporcionalidade para a distribuição das vagas entre os partidos ou federações. O prazo para os trabalhos da comissão é de 180 dias. Fontes: Veja, Veja, Senado

Impacto do conflito Irã-Israel: Maersk interrompe escalas de navios no porto

A Maersk suspendeu temporariamente as escalas de navios no porto de Haifa, em Israel, devido à escalada das tensões entre Israel e Irã. Isso é preocupante para a Adani Ports, que investiu US$ 1,2 bilhão no porto e é proprietária em grande parte. Apesar das garantias de Adani, o conflito em curso levanta preocupações para o centro comercial crítico. A gigante global do transporte de contêineres Maersk anunciou uma pausa temporária nas escalas de navios no porto de Haifa, em Israel. O desenvolvimento ocorre enquanto a tensão entre Israel e o Irã continua. Embora haja algum alívio da tensão, a pausa da Maersk nas escalas de navios no porto de Haifa pode ser uma preocupação potencial para a Adani Ports & SEZ A Adani Ports e a SEZ investiram cerca de US$ 1,2 bilhão no porto israelense. A Maersk é a segunda maior empresa de navegação, e sua pausa nas escalas de navios pode prejudicar os negócios do porto de Haifa, que é em grande parte de propriedade do grupo Adani. Resposta do Grupo Adani Mais cedo na quarta-feira (19), Pranav Adani, diretor da Adani Enterprise, garantiu que os ativos do grupo no exterior estão seguros. De acordo com um relatório da ANI, Pranav Adani disse: “Há preocupações, mas, felizmente, todos os nossos ativos no exterior estão seguros. Não devemos nos preocupar com isso”. Apesar das garantias, as preocupações com o Grupo Adani estão aumentando à medida que Israel e Irã continuam a trocar mísseis de longo alcance, muitas vezes visando estabelecimentos militares e infraestrutura crítica. O porto de Haifa é um centro crítico para o comércio marítimo de Israel, movimentando cerca de 20 milhões de toneladas de carga anualmente. Serve a fins comerciais e militares, dada a sua proximidade com as instalações navais israelenses. Fonte: www.financialexpress.com

Alta da SELIC indica problemas no governo?

Os dias 17 e 18 de junho foram marcados pela reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), onde seria avaliada a movimentação da taxa básica de juros da economia (SELIC). O Banco Central e seus representantes teriam três opções: queda, manutenção ou alta da taxa SELIC, cada uma dessas opções gerando um efeito na economia do país. Dentre as opções apresentadas, a que melhor representaria um equilíbrio das contas públicas e avanço da economia brasileira seria a queda da taxa básica. Isto funcionaria na atualidade como uma chancela de que a narrativa do governo acerca de responsabilidade fiscal e saúde das contas públicas são realmente promissoras e não apenas narrativas jogadas ao vento. A decisão unânime dos nove integrantes do COPOM foi de aumento da taxa SELIC em 0,25%, elevando a taxa para 15% ao ano. Esta alta representa uma preocupação do Comitê em relação à sustentabilidade das contas do governo. A expansão do crédito e o aumento desenfreado dos gastos do governo foram, provavelmente, os fatores de preocupação que ensejaram a decisão dos membros do COPOM, uma vez que essa conduta eleva a inflação e a função precípua do Banco Central é o controle deste efeito danoso à economia. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula, tem apresentado um comportamento divergente do esperado pela base governista. As críticas dos integrantes do governo ao antigo presidente da autarquia expressavam todo o desprezo ao conhecimento técnico aplicado às decisões, sendo a ata do COPOM, documento que detalha o racional da medida adotada, ridicularizada e desacreditada pela cúpula do Partido dos Trabalhadores. A situação chegou a níveis tão absurdos que, no meio dos analistas de mercado e investimentos, era esperada a Ata da Gleise, uma alusão às críticas recorrentes da Presidente do PT às decisões do Banco Central. A conduta do COPOM indica um desajuste e necessidade de correção de rumos na política econômica do governo. Se nada for feito, corre-se o risco de um resfriamento da atividade econômica mais severa, ou seja, a temida recessão bate à porta e dá sinais claros de que pode levar o Brasil para níveis de desemprego e estagnação da atividade produtiva parecidos com o que se viu na pandemia do COVID-19. Logicamente, isto não depende apenas da decisão dos integrantes do governo, mas sim da aprovação do congresso, que já sinalizou algumas medidas que representam revés à equipe econômica do governo, como por exemplo, a rejeição ao aumento do IOF como medida arrecadatória. Se o cenário global continuar se deteriorando, escalando as guerras em andamento ou surgindo outras frentes de batalha, é possível que tenhamos boas oportunidades de suprir a necessidade de produtos aos países beligerantes e a outros que consumiam deles. Para que isso seja viável, o Brasil precisa se organizar e se preparar, elevando o nível de produtividade, não o de consumo. Atualmente, a expansão do crédito e o aumento dos gastos do governo têm funcionado como uma âncora ao crescimento, dificultando a evolução estrutural do país, que numa situação mais otimista, pode aproveitar a demanda global gerada pelos diversos conflitos em andamento.

Dow Jones abre em alta com investidores reagindo à cautela de Trump sobre guerra entre Israel e Irã

O presidente Donald Trump anunciou que decidirá em até duas semanas se os Estados Unidos entrarão diretamente no conflito entre Israel e Irã — uma medida que já teve impacto imediato nos mercados financeiros globais. O índice Dow Jones abriu em alta nessa sexta-feira (20), refletindo alívio temporário diante da postergação de um possível envolvimento militar em um momento de intensa volatilidade geopolítica. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, declarou que existe “uma chance substancial de negociações” com Teerã nos próximos dias, o que justifica o prazo imposto de duas semanas. Leavitt afirmou que “o objetivo central é impedir que o Irã adquira armas nucleares, exigindo como condição qualquer acordo a completa interrupção do enriquecimento de urânio por parte de Teerã”. Internamente, o discurso de Trump provoca divisão entre republicanos mais intervencionistas e os isolacionistas, além de críticos como o senador Chris Murphy, que descreveu o prazo de duas semanas como mais um truque retórico usado com frequência sem resultado prático. Especialistas alertam que uma intervenção militar americana poderia provocar uma forte reação nos mercados: aumento imediato nos preços do petróleo e recuos robustos nos índices de ações. No terreno diplomático, países europeus como Reino Unido, França e Alemanha planejam reunir-se com representantes iranianos em Genebra nessa sexta-feira para tentar reabrir canais de diálogo antes do prazo estipulado por Trump. O chanceler britânico David Lammy classificou o cenário como “perigoso”, mas reconheceu que ainda há uma janela para a diplomacia. Enquanto isso, confrontos prosseguem entre Israel e Irã: Israel lançou ataques contra instalações nucleares iranianas, como a usina pesada de Arak e o complexo de Natanz. O Irã retaliou com centenas de mísseis e drones, provocando vítimas civis e danos em infraestrutura hospitalar, segundo as Forças de Defesa de Israel. Embora Trump tenha insinuado a possibilidade de iniciar ataques sem consultar o Congresso — levantando dúvidas sobre o respaldo jurídico — ele voltou a afirmar que ainda há chance de negociação. Ao mesmo tempo, reforçou o posicionamento máximo de sua administração, anunciando nova estratégia de sanções para aumentar a pressão sobre o regime iraniano. A economia global reage ao compasso diplomático: o petróleo, que já perdeu parte dos ganhos recentes, e o dólar mantêm sua influência servindo como “ativos refúgio”. Investidores monitoram de perto o prazo de duas semanas, que pode ser decisivo para a apoteose ou desaceleração do conflito militar na região. Fontes: Financial Express, Washington Post, Reuters

Como o Hamas colocou Israel para “dormir” no 7 de outubro

Ataque 7 de outubro Israel Hamas

A surpresa estratégica sofrida por Israel com o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 resultou no maior massacre de judeus em um único dia desde o Holocausto. É crucial, então, que aquele Estado investigue a falha de sua Comunidade de Inteligência (IC), não apenas para responsabilizar os culpados, como também para prevenir ataques futuros. Passado tanto tempo desde o episódio, muitas respostas já foram encontradas. Neste, e em outro artigo a ser publicado amanhã, irei demonstrar algumas dessas conclusões. Os quatro ciclos de violência Importante destacarmos que há um histórico recente de conflitos entre Hamas e Israel que resultaram em incursões militares no interior da Faixa de Gaza desde a saída unilateral de Israel daquele território. Operação Chumbo Fundido (2008): Desencadeada por um aumento nos ataques de foguetes do Hamas contra Israel. A operação durou 3 semanas. O conflito resultou em um grande número de baixas palestinas, incluindo civis, e na destruição significativa de infraestruturas em Gaza. Apesar de Israel ter declarado vitória, o Hamas se recuperou rapidamente e continuou a representar uma ameaça significativa. Operação Pilar de Defesa (2012): Em resposta a um novo aumento nos ataques de foguetes do Hamas, Israel empreendeu 1 semana de operações. Os alvos foram lançadores de foguetes, túneis e centros de comando. A operação resultou na morte de Ahmed Jabari, líder militar do Hamas, e na redução temporária dos ataques de foguetes. Operação Margem Protetora (2014): Motivada pelo sequestro e assassinato de três adolescentes israelenses na Cisjordânia, foi o conflito mais longo até então: 50 dias. O conflito resultou em um grande número de baixas em ambos os lados e na destruição significativa de infraestruturas em Gaza. Operação Guardião das Muralhas (2021): Desencadeada por confrontos entre palestinos e a polícia israelense em Jerusalém Oriental, durante o mês sagrado do Ramadã. Em 11 dias, o Hamas disparou mais de 4.000 foguetes, enquanto Israel realizou centenas de ataques aéreos. O conflito resultou em um grande número de baixas palestinas, incluindo civis, e na destruição de infraestruturas em Gaza. A cobertura de inteligência de Gaza antes de 7 de outubro Em 2017, foi publicado o relatório do Controlador do Estado de Israel sobre a Operação Margem Protetora (2014). Nele, foram reveladas falhas sistemáticas na cobertura de inteligência de Gaza por parte da IC israelense. O relatório identificou uma série de deficiências que contribuíram para a incapacidade de Israel em prever e prevenir o conflito, incluindo: O relatório do Controlador do Estado ainda questionou por que a Faixa de Gaza não foi formalmente definida como um “estado-alvo” pela IC israelense, mesmo após a tomada do poder pelo Hamas em 2007. Essa falta de clareza na definição da ameaça pode ter contribuído para a subestimação do Hamas e a falha em dedicar recursos adequados para cobrir suas atividades. A definição de um “estado-alvo” implica em uma série de medidas, como a intensificação da coleta de inteligência, o desenvolvimento de planos de contingência e a alocação de recursos específicos para lidar com a ameaça. Sinais do 7 de outubro foram mal interpretados e ignorados Semanas antes do ataque, um analista da Unidade 8200 – a unidade de inteligência de sinais de elite das IDF – elaborou um relatório detalhado que previa um ataque em larga escala do Hamas. O relatório, com cerca de 40 páginas e codinome “Muro de Jericó”, descrevia em detalhes o plano do Hamas, incluindo um exercício militar do Hamas transmitido pela mídia palestina. Apesar da riqueza de detalhes e da gravidade das informações contidas no relatório, ele foi ignorado pelos altos escalões da IC israelense. A principal razão foi a descrença dos oficiais de inteligência na capacidade do Hamas de realizar um ataque tão sofisticado e em larga escala. Na noite anterior ao ataque, a inteligência israelense detectou uma série de “sinais fracos” que, em retrospectiva, indicavam a iminência de uma ofensiva em larga escala do Hamas. Sinais fracos são informações aparentemente aleatórias ou desconexas que, a princípio, parecem ser ruído de fundo, mas podem ser reconhecidas como um padrão significativo se conectadas a outras informações. Esses sinais incluíam “conversas” suspeitas em canais de comunicação do Hamas, interceptadas pelo IMI, e movimentos incomuns de combatentes do Hamas perto da cerca de fronteira, observados pelos sistemas de vigilância israelenses. A desconsideração desses sinais pode ser atribuída a uma série de fatores: Fadiga e cegueira israelenses Fadiga de alerta é um fenômeno comum em situações de ameaça persistente, em que a exposição constante a alertas e informações sobre possíveis ataques pode levar à dessensibilização e à dificuldade em discernir entre ameaças reais e falsas. Já em abril de 2023, o departamento de inteligência do Comando Sul das Forças de Defesa de Israel (IDF) emitiu um alerta interno sobre uma possível infiltração do Hamas nos kibutzim (comunidades coletivas em Israel). Este alerta seguiu informações concretas recebidas sobre um ataque planejado pela organização terrorista. Em agosto, semanas antes do ataque ocorrer, novas informações indicaram que um ataque era iminente. As IDF aumentaram o alerta. Quando nenhum ataque ocorreu em agosto, as IDF acreditaram que o ataque havia sido interrompido, apenas para descobrir mais tarde que isso fazia parte do plano de engano do Hamas. O Hamas conseguiu “colocar Israel para dormir” durante seus preparativos de mais de um ano para o ataque terrorista. A falha da IC israelense em prever o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 pode ser atribuída, em grande parte, a uma concepção errônea sobre as intenções do grupo. A avaliação predominante na IC era de que o Hamas estava dissuadido e não tinha interesse em romper o status quo, buscando consolidar seu poder em Gaza e melhorar a situação econômica da população. Essa “cegueira” em relação às intenções do Hamas se deveu a uma série de fatores, como a permissão para que trabalhadores de Gaza entrassem em Israel para trabalhar, a entrada de ajuda humanitária em Gaza com a mediação do Catar (autorizada por Israel) e a relativa ausência de ataques de foguetes contra Israel nos anos anteriores ao ataque. Essa avaliação foi reforçada pela estratégia de “gestão

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